Chuvas de verão: drama para 72 mil petropolitanos

Petrópolis é apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a segunda cidade do Estado e a 18ª do país com o maior número de moradores em áreas de risco, são 72 mil pessoas morando nestes locais. De acordo com o Plano Municipal de Riscos da Defesa Civil, apresentado em julho do ano passado, 25,9% da população vive em constante medo de deslizamentos e alagamentos.

Esta semana, as constantes chuvas que atingiram a cidade já deixaram um saldo de 16 pessoas desalojadas e um casal foi soterrado em um deslizamento na Comunidade do Florido, na Estrada da Saudade. A casa onde estavam fica em uma área considerada de risco pela Defesa Civil e foi interditada pelo órgão. 

“A Defesa Civil disse que minha casa fica no curso da água e que, por isso, não posso continuar minha obra. A gente não sabe muito bem o que fazer em uma hora dessas”, lamentou Victoria Carolina de Almeida Militão, de 19 anos. O imóvel, de dois cômodos, foi parcialmente destruído pela barreira que deslizou da encosta na noite da última quinta-feira, durante um temporal. 

Victória estava na casa com o marido, os cunhados e um bebê de nove meses. Os cunhados foram soterrados e socorridos por vizinhos e pelo Corpo de Bombeiros. O casal foi levado com ferimentos para o Hospital Municipal Nelson de Sá Earp (HMNSE), onde passaram por atendimento médico. Eles tiveram alta ainda na quinta.

“Eles estavam construindo a casa com muito sacrifício. Estavam desempregados e o dinheiro que tinham colocaram na obra. Ninguém imaginava que era perigoso ou que tinha risco de acontecer um deslizamento. Aqui na rua nunca havia acontecido isso. Eles só queriam ter a casinha deles”, disse a mãe de Victória, Elisangela Furtado de Almeida Militão, de 40 anos.

Desde quinta-feira, Victória e a família está abrigada na casa da mãe que fica há cerca de 50 metros do local onde ocorreu o desabamento. Ao todo, quatro casas foram interditadas pela Defesa Civil no local. Todas as famílias foram inseridas no cadastro da Assistência Social para receberem o suporte necessário enquanto estiverem desalojadas.Eles aguardam uma definição da Prefeitura para serem incluídos no Programa do Aluguel Social. Atualmente, cerca de 400 famílias recebem o benefício pago pelo município e 724 estão cadastradas no governo do Estado.

De acordo com a Prefeitura, o défict habitacional da cidade é de 12 mil unidades. No final do ano passado, o município entregou 96 casas no distrito da Posse, que foram destinadas a desabrigados das chuvas de 2004, 2008 e 2011 nos distritos. A previsão da Prefeitura é construir 776 casas dentro do programa Minha Casa Minha Vida no Vicenzo Rivetti. O programa ainda vai construir moradias em cinco terrenos. O governo do Estado é responsável pelos terrenos do Vale do Cuiabá (140 unidades), Benfica (120) e Mosela (48). No Caetitu, estão previstas 720 unidades em uma área do município. E ainda há 164 unidades dentro do PAC Estrada da Saudade.