Parece piada, mas ocorreu
Tudo que se deu, talvez possa ser intitulado de hilariante, ou melhor meditando, de ridículo e me foi narrado uma vez que o fato ocorreu num pequeno município do interior de Pernambuco. O amigo Mauro, chegado à nossa cidade, frise-se que não o via há anos, foi também meu colega de trabalho quando prestamos serviços ao mesmo escritório de advocacia no Rio de Janeiro.
Competente profissional, transferiu-se para aquele Estado tendo deixado em Petrópolis um grande círculo de amigos, além de parentes de sua esposa.
Dentre esses amigos, o que ora faz escrever estas modestas linhas, com muito orgulho, em face da forte amizade que nos uniu no passado e que nem a distância conseguiu estremecer.
Por incrível que pareça, no início do nosso “papo”, diga-se de passagem, que durou mais de quarenta minutos, a rua do Imperador foi palco de agradáveis momentos com o qual comungamos, justamente a respeito de tantos episódios que ficaram para trás, sem falar nas boas risadas que demos eis que Mauro sempre foi um bom “contador de anedotas”.
Durante a conversa, tendo em vista o seu temperamento alegre e sobretudo crítico, fez-me narrar, a título de galhofa, a situação ocorrida no longínquo município pernambucano, não muito progressista.
Contou-me que o fato se dera durante uma sessão da Câmara de Vereadores local, salientando a respeito da figura do presidente da Casa, pessoa extremamente vaidosa, aliás não condizente com a simplicidade do povo que lá vive.
Relatou-me que se encontravam reunidos vários edis quando, em certo momento, após vários debates e apartes entre os mesmos com relação à matéria sob discussão, um deles, na hora “H”, indagado pelo presidente como votaria, o edil singelo e de precária cultura, assim respondeu: “Presidente, quero lhe dizer que entendi a respeito da explanação que fez a todos nós, todavia para dar meu voto estou diante de tremendo “diadema”.
O amigo, não perdendo tempo, a dar risadas e eu a acompanhá-lo, inteirando-me que a sessão fora suspensa pelo presidente, sabe-se lá porquê…
Contudo, prosseguindo, relatou-me que o pior ainda não acontecera já que entre os vereadores presentes, inclusive a figura em questão, alguns deles acabaram por não entender acerca da decisão da presidência, julgando-a arbitrária e deselegante para com o colega, que apenas pretendia se justificar. Certamente, quem sabe, não conseguiram alcançar o “diadema” do colega, pensei eu.
Dias após, reunida a Câmara, segundo contou-me o amigo, o mesmo vereador tendo que se ausentar para comparecer ao dentista saiu-se com mais esta “pérola” dirigida à presidência: “Desejo justificar a minha não permanência nas discussões desta tarde porquanto tenho que ir ao dentista para “extração de um discisivo”.
O presidente, vermelho como um pimentão, aceitou a justificativa apresentada, todavia sua expressão, segundo o amigo, denotava deboche ou algo similar.
Em razão de tudo que acontecera, quedou que fiquei sem saber como terminara a sessão, já que Mauro, alegando um compromisso que ainda houvera que cumprir, após abraçar-me, partiu às pressas em direção a um ponto de táxi sem que eu não haja mais lhe reencontrado.
Admito que, transcorridos alguns meses, já se encontra junto ao público na condição de participante das sessões da Câmara de sua “terra”, sem dúvida anotando mais algumas galhofas que certamente poderão ocorrer e que me serão contadas, não sei quando.