• Trump tenta capitalizar com caso de fraude em que alega ser perseguido

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  • 03/10/2023 07:26
    Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

    O ex-presidente americano Donald J. Trump compareceu nesta segunda-feira, 2, à audiência de abertura do julgamento civil por fraude movido pela Procuradoria-Geral de Nova York contra ele e atacou tanto a procuradora como o juiz responsável pelo caso. Sua equipe política procura usar o processo para mobilizar sua base. O magnata é o principal candidato dos republicanos para as eleições de 2024.

    O caso, apresentado pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, uma democrata negra, alega que Trump, seus filhos adultos e a Organização Trump inflacionaram sua riqueza em mais de US$ 2 bilhões para que pudessem garantir condições favoráveis em empréstimos dos bancos.

    Na abertura do julgamento, um dos advogados do Estado de Nova York, Kevin Wallace, disse que os réus lucraram mais de US$ 1 bilhão ao inflacionar o valor das suas propriedades. Os ganhos vieram por meio de prêmios de seguro mais baixos e melhores condições de empréstimo.

    Na semana passada, o juiz Arthur Engoron, do Supremo Tribunal do Estado de Manhattan, a quem Trump chamou recentemente de “perturbado”, determinou que o magnata e sua empresa cometeram fraude ao inflacionar os ativos – pronto crucial do processo. Agora, até dezembro, o julgamento determinará a responsabilidade de Trump ou sua obrigação legal de pagar pelos danos. A procuradora-geral pede US$ 250 milhões em indenizações. O juiz já retirou temporariamente o controle de Trump sobre suas propriedades em Nova York.

    Alguns conselheiros de Trump veem no caso uma oportunidade. Sua campanha, que viu os apoiadores energizados pelas quatro acusações criminais que enfrentou até agora, está tentando transformar o caso civil em algo semelhante para mobilizar a base.

    Do lado de fora do tribunal, Trump disparou ataques pessoais contra James e Engoron, chegando a sugerir que eles eram criminosos. “Essa é uma continuação da maior caça às bruxas de todos os tempos”, disse Trump na porta do tribunal, em comentários transmitidos ao vivo pela Fox News.

    Trump anunciou sua decisão de comparecer à abertura do julgamento na sua rede social Truth Social, na noite de domingo, 1º, dizendo que lutaria por seu “nome e reputação” no tribunal.

    Doações

    No fim de semana, sua campanha procurou abertamente tirar vantagem da atenção, enviando pedidos de doações associados a seu possível comparecimento e acusando os democratas de “tentarem mantê-lo fora da campanha”. “Depois de quatro prisões falsas, acusações e até mesmo uma foto policial não terem conseguido me derrotar, um juiz democrata está agora tentando destruir minha empresa familiar”, escreveu Trump em uma mensagem de arrecadação de fundos.

    O caso tocou o ex-presidente. As afirmações da procuradora, que o retratam como um trapaceiro e não como um homem de negócios de sucesso, minaram a imagem que ele construiu enquanto se catapultava do mercado imobiliário para a fama dos reality shows e, por fim, para a Casa Branca.

    Na audiência de ontem, Trump ficou sentado em silêncio, com os braços cruzados e carrancudo. Ao entrar no tribunal, disse aos repórteres que James queria pegá-lo porque ele está tendo um desempenho muito bom nas pesquisas. “Você deveria ir atrás dessa procuradora-geral”, disse ele a repórteres, ao mesmo tempo que chamava o juiz Engoron de “desonesto”.

    “Estaremos aqui durante meses com um juiz que já se decidiu. Ele é um juiz e um agente democrata e isso é ridículo. Fora isso, as coisas correriam muito bem”, disse.

    Ainda que o republicano tenha direcionado seus ataques, o juiz ironizou e disse na audiência que seus advogados não prestaram muita atenção à papelada e ninguém da defesa requisitou um julgamento com júri, como poderia ter sido feito nesse caso.

    Sem júri, o julgamento deverá prosseguir mais técnico. Tal como num julgamento criminal, ambas as partes podem convocar testemunhas e apresentar provas. A procuradora-geral, porém, pode convocar Trump para testemunhar – um poder que ela não teria em um julgamento criminal. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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