Corrida não é a causa de lesões
“Joelho de corredor” é um termo que assusta quem quer iniciar na atividade “achando” que todo mundo que corre vai ter lesões de joelho. Ledo engano! Especialistas em joelho como o Dr. Adriano Leonardi, médico ortopedista, afirma que “toda atividade esportiva ajuda a preservar as cartilagens”. O líquido sinovial, estimulado com o movimento, possui papel lubrificante, nutre a cartilagem (tecido liso, resistente e protetor composto por colágeno, proteínas não colágenas e proteoglicanos) e reduz ainda mais o atrito entre ossos, facilitando o movimento.
O que causa artrites, artroses e outras doenças incapacitantes no joelho é justamente o sedentarismo ou, pessoas que treinam demais sem descansos adequados e sem orientação profissional. Correr exige, antes de tudo, exames médicos iniciais de rotina e uma boa preparação física. Um estudo bem conduzido publicado na revista Medicine & Science in Sport & Exercise intitulado “Why Don’t Most Runners Get Knee Osteoarthritis” com quase 75 mil maratonistas concluiu que a artrite é mais frequente entre os sedentários do que nos maratonistas.
Os autores do estudo usaram sete mulheres e sete homens acostumados a correr. Tiveram que andar e correr descalços numa esteira à distância de 15,24 km com sensores e câmeras analisando a biomecânica dos movimentos e o impacto. Depois os grupos se revezavam repetindo a experiência por três vezes. Concluíram o óbvio. O impacto da corrida chega a ser oito vezes mais do que a caminhada. Porém, a biomecânica da corrida é mais favorecida com o pé tocando menos vezes do solo permanecendo também menos tempo em contato com o solo por conta da aterrissagem, rolamento e vôo característico do movimento da corrida.
Ross Miller, um dos autores do estudo, justifica que as cartilagens podem se regenerar diante das cargas cíclicas seguidas de repouso da corrida o que acontece menos na caminhada, quando um pé está sempre em contato com o solo.
Portanto, não é a corrida a causa principal dos diversos problemas de joelho, e sim o treinamento mal orientado sem descansos regenerativos adequados. A caminhada vigorosa continua a ser um ótimo exercício e a corrida também – desde que profissionalmente orientada. Desde a pré-história o ser humano foi adaptado a caminhar e correr para caçar ou fugir dos predadores. O melhor exercício é o que cada um gosta de fazer. Se os “do contra” estivessem certos, eu e um “montão” de corredores com mais de 70 anos estaríamos inválidos. Simples assim…
**Literatura Sugerida: Miller RH et al. Why Don’t Most Runners Get Knee Osteoarthritis? A Case for Per-unit-distance Loads. Med Sci Sports Exerc. (2014)