Volta do vilão John Kramer dá novo fôlego a ‘Jogos Mortais’
Jogos Mortais não sobrevive sem John Kramer. O vilão (ou herói?), interpretado por Tobin Bell e que morreu no terceiro capítulo da franquia, é a grande mente maligna das máquinas violentas que aterrorizam aqueles que cometem pecados morais.
Não à toa, os filmes da saga nunca mais encontraram um caminho após a morte de seu protagonista. É natural, então, que Jogos Mortais X tenha chegado aos cinemas na quinta, 28, propondo o retorno de John Kramer.
Retorno? Não é bem assim. Ainda que o material de divulgação do filme não explique isso nada bem, o novo longa-metragem não é uma sequência direta de todos os filmes de Jogos Mortais, mas sim um encaixe, um apêndice.
A história fica exatamente entre o primeiro e o segundo filmes, quando Kramer sofre com um câncer no cérebro e tem pouco tempo de vida. No entanto, como mostra o novo longa, a esperança é a última que morre – e Kramer, enquanto tem como hobby torturar pessoas com automutilação, pensa que pode viver mais.
A esperança é a dra. Pederson (interpretada pela atriz Synnøve Macody Lund), uma médica que promete um tratamento “mágico” que, unindo cirurgia e medicação proibida, consegue livrar a pessoa do câncer. Kramer crê e, com isso, acaba caindo em um golpe.
VINGANÇA
Pronto: um dos vilões mais aterrorizantes do cinema de horror tem uma nova motivação para se vingar, matando todos os envolvidos que prometeram a cura e, no fim, só tomaram o dinheiro dos moribundos.
Menos surpreendente, mas divertido como antes, Jogos Mortais X, assim, é o que traz a menor dose de reviravolta dos filmes da franquia. Nós já sabemos como as coisas funcionam e o que vai acontecer, sendo que o longa-metragem desemboca no terceiro capítulo.
Isso, porém, não significa que o filme não tem graça: a história consegue retomar boa parte da diversão que se perdeu após a morte de Kramer, enquanto os produtores tentavam encontrar um novo caminho para a saga.
Não são necessários malabarismos para mostrar como Jigsaw deixou máquinas mortais prontas ou caminhos exatos a ser seguidos. Ele vive, mesmo sendo uma história do passado, e tudo fica mais interessante.
Bell, apesar de nunca ter sido conhecido como um ator brilhante, se sai bem: a primeira meia hora, focada no drama do personagem, mostra como ele consegue trazer profundidade para um filme que tem tão pouco a dizer com seu roteiro e com uma direção apática de Kevin Greutert, que comandou Jogos Mortais 6.
OUSADIA
É curioso como o roteiro, às vezes, até se arrisca a entrar em debates mais profundos sobre vida e moralidade, questionando os preceitos de John Kramer. Mas, pena, não vai muito além.
As mortes também não são muito criativas, mas trabalham em prol do divertimento do público – o olho sugado por um aspirador, torturas que remetem à cirurgia pela qual Kramer deveria ter passado e por aí vai.
Sem dúvida, as pessoas vão virar o rosto para fugir das cenas mais nojentas, alguns outros vão dar risada das situações e todos, no final, vão ter algo interessante para contar. E isso tudo, perto do que Jogos Mortais ofereceu nos últimos anos, é bom.
É claro que o filme passa do ponto, como no momento em que uma personagem usa um intestino como corda. Precisava disso? Não. Mas é Jogos Mortais e nem mesmo esse filme precisava existir. A franquia, com tantos longas, não necessitava ir tão longe. É a diversão pela diversão e, ao que tudo indica, parece ter medo de ir além.
Só vale a atenção: mesmo sendo um ruim divertido, a franquia tem tudo para voltar ao padrão dos últimos filmes, com histórias ruins e sem graça. É melhor parar aqui. Afinal, quando repetida muitas vezes, a piada perde a graça.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.