A inexistência do discurso do contra
O sistema político está vivendo uma letargia, fruto da surpresa da ausência de autoritarismo de Bolsonaro, em face da democracia. O sistema esperava posicionamentos duros contra instituições mas, em contrapartida, assiste a uma complacência e uma generosidade. O sistema que se preparava para revidar de forma contundente, se retraiu porque não há contra o que revidar. Isto é curioso, porque antes mesmo de assumir o governo, o processo de pacificação está em curso para desespero da esquerda.
A reação do COAF presenciada esta semana, com todos os possíveis objetivos escusos de interesses, pode ser levada a sério? Creio que não, já que está mais para circo montado para municiar a mídia do que uma atitude séria.
A escolha dos Ministros está a demonstrar que as funções ministeriais estão mais para combate à corrupção do que para a troca de interesses políticos. Começaram a acontecer agora, encontros com líderes e presidentes de partidos, alijados da consulta e indicação de nomes ( houve sim , a escolha de alguns nomes indicados por bancadas, negociação no atacado, desprezando-se o varejo), o que há 33 anos não acontecia, e que deixa estupefatos cientistas políticos, que ainda não acreditam que esta maneira possa dar certo.
A grande mídia aguarda e torce por uma retaliação dos partidos. O pessoal do "quanto pior melhor", está inquieto. Tenho para mim que se equivocam aqueles que acreditam que o sistema não possa funcionar sem uma hegemonia partidária; neste particular estou indo em sentido contrário ao de há muito tempo estabelecido e também no sentido inverso dos auto-denominados "cientistas políticos".
Notem que a critica e a resistência à não aceitação de mudanças de "Políticas de Estado", como se fossem cláusulas pétreas constitucionais, não partem da oposição que perdeu a eleição, mas sim da mídia simpática à esquerda. A posição do novo governo sobre tratados climáticos internacionais é um bom exemplo disto. Deixo claro que as imposições estrangeiras sobre as posturas do governo brasileiro neste particular, como Macron indelicadamente o fez, têm de ser afastadas e repudiadas com a devida veemência.
Como já dizia o colunista Ibraim Sued: " Os cães ladram e a caravana passa".