Moradores do Contorno rejeitam acordo proposto pela Concer
Os moradores da Comunidade do Contorno não concordaram com o valor de R$ 4 mil proposto pela Concer – concessionária que administra a BR-040 – como indenização por danos morais devido aos prejuízos causados à comunidade com a abertura de uma cratera às margens da rodovia, na altura do quilômetro 81, na pista de descida das Serra de Petrópolis. A proposa foi apresentada na manhã dessa terça-feira (11), durante reunião na Escola Municipal Leonardo Boff, no Duarte da Silveira. Um novo encontro está previsto para a próxima semana, quando a concessionária deverá apresentar um novo valor.
"Foi uma proposta indecente e vergonhosa", disse a moradora Angélica Domingas. O encontro foi entre a comunidade e o procurador da República Charles Steven da Motta, do Ministério Público Federal (MPF), que apresentou a proposta da Concer. "Se não houver um acordo na próxima reunião, a questão será judicializada", ressaltou Angélica.
Para outro morador, Paulo Proença, a posição da comunidade "é defender a terra". "É uma queda de braço com uma empresa poderosa. Mas vamos continuar defendendo a nossa terra. Não podemos perder a nossa identidade e nem a nossa referência", frisou. Após a abertura da cratera, 51 casas foram interditadas pela Defesa Civil (DC). No mês passado, 22 imóveis foram liberados pelo órgão. As famílias ainda não retornaram para as casas desinterditadas, mas a previsão é que as primeiras mudanças aconteçam antes do Natal. "Oito famílias devem passar as festas na comunidade. É o que queremos", disse Angélica.
A proposta apresentada pela Concer foi a divisão de R$ 300 mil para todas as famílias da região, o que daria cerca de R$ 4 mil. A concessionária também se comprometeu em manter o aluguel do imóvel onde atualmente funciona a Escola Municipal Leonardo Boff até que o antigo prédio seja recuperado pela prefeitura. "A comunidade aceitou a proposta em relação à escola porque houve entendimento entre todos de que o prédio esteja em boas condições para receber os alunos", comentou Angélica.
De acordo com Angélica, a prefeitura ainda precisa fazer obras de reparos no imóvel e no entorno, uma vez que a escola está fechada desde novembro do ano passado. "O ano letivo começa em fevereiro, acreditamos que não haveria tempo hábil para fazer todas as intervenções", concluiu a moradora.