• 4ª edição da Feira de Cerâmica de Petrópolis, evento gratuito que reúne dezenas de ceramistas da cidade, será em novembro; saiba mais

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • Por Aghata Paredes

    Feira acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro no Shopping Vilarejo, em Itaipava. Além de conhecer as cerâmicas feitas na região, o visitante poderá participar de oficinas e assistir a demonstrações gratuitas

    Plástica e moldável, ao passar pelo processo de queima, a cerâmica ganha forma e resistência. Com as mãos, cada ceramista cria suas peças de acordo com as suas próprias vivências, interpretações de mundo, ideias e fazer artístico. Naturalmente, o resultado nunca é o mesmo. 

    O trabalho de criação com cerâmica envolve não apenas sua matéria-prima, mas um fazer artístico que envolve os quatro elementos: terra, água, ar e fogo. Sobre isso, Ivo Ferreira, um dos integrantes do grupo Arte Cerâmica em Petrópolis, conta que é exatamente aquilo que o cativa.

    “O que eu enxergo de mais bonito é a magia da criação, aliada ao fazer ancestral e a força dos 4 elementos (terra, água, ar e fogo) nesse processo. É o que torna a cerâmica uma arte encantadora e cativante. Ela é basicamente argila endurecida pelo calor. Foi o primeiro material produzido pelo homem. Considerando que a peça de cerâmica mais antiga já descoberta tem mais de 27.000 anos de idade, dá pra imaginar a evolução e variação de seu uso ao longo desse tempo. E ela tem isso de ajudar a contar a história da civilização. É considerada fonte fundamental para estudar a história do período neolítico, por exemplo. No período clássico, os gregos e os romanos faziam peças extremamente requintadas. Aqui no Brasil temos sofisticadas cerâmicas marajoaras com mais de 2.000 anos. Cada cultura desenvolveu sua própria técnica e linguagem artística na lida com a argila, o que explica essa imensa diversidade. Vale lembrar que a cerâmica também é utilizada hoje em muitos outros segmentos, como a indústria espacial, eletrônica, construção civil, odontologia e outras áreas.”, explica o ceramista. 

    Foto: Divulgação

    Atualmente, o grupo se prepara para realizar a 4ª edição da Feira de Cerâmica de Petrópolis, evento que reúne dezenas de ceramistas. A edição deste ano ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro, no Shopping Vilarejo, em Itaipava. Além de conferir trabalhos variados, os visitantes também vão poder participar de oficinas e assistir a demonstrações gratuitas dos ceramistas da cidade.

    Foto: Mariana Rocha / Feira de Cerâmica de Petrópolis em 2022.

    Você sabia?

    No processo de criação da cerâmica autoral, realizada em ateliês, a modelagem geralmente é feita à mão, peça por peça, através de técnicas especiais – belisco, acordelado, placas ou  forno elétrico. Alguns ceramistas usam barbotina (argila líquida) em moldes de gesso para produção em escala maior. 

    Depois de modeladas e de receberem o acabamento, Ivo explica que as peças precisam secar lentamente durante alguns dias. “Posteriormente, elas seguem para a primeira queima, entre 800 e 1000 ºC. Depois, recebem uma cobertura de esmaltes ou vidrados, que são uma mistura de minerais que vão fundir a uma determinada temperatura e criar, durante uma segunda queima, a camada vítrea que recobre as peças, principalmente as funcionais.” 

    Foto: Divulgação

    Ainda segundo o ceramista, há muitos tipos de argila e de queimas, que vão de 600 a 1300 ºC, e a combinação dessas variáveis, e outras mais, é que determinarão os resultados finais, sempre com a participação da criação do artista.

    Sobre o grupo

    Um dos grandes objetivos do Arte Cerâmica em Petrópolis é resgatar a tradição da cerâmica na cidade, como explica Ivo Ferreira. “Em meados do século passado havia várias pequenas indústrias produzindo cerâmica em Itaipava, o que atraía compradores e visitantes de todo o Brasil. Dessa época ainda permanece ativa a Cerâmica Luiz Salvador. Mas o perfil mudou, hoje temos muitos ateliês pessoais espalhados por todos os bairros da cidade, estimo que cerca de 30. Alguns ceramistas dão aulas, e isso vai aumentando o número de ateliês, pois a cerâmica vicia.”

    Foto: Maria Hennies – A ceramista Ana Rondon durante uma oficina na 3ª edição da Feira de Cerâmica de Petrópolis.

    Além de atrativo turístico, a cerâmica permite a geração de emprego e renda. “Um bom exemplo é o de Cunha/SP, que concentra um grande número de ateliês abertos ao público, gerando um crescente fluxo de turistas que movimenta a economia da cidade.”, conta. 

    Em Petrópolis,  O Arte Cerâmica tem apresentado diversas exposições coletivas, em espaços culturais, como o da  InterTV, rateando os custos de produção entre os participantes. “Os petropolitanos podem ajudar prestigiando as exposições e a Feira de Cerâmica de Petrópolis – evento anual criado por integrantes do Arte Cerâmica e apoiado pelo grupo – e adquirindo os trabalhos dos ceramistas locais.”, conta Ivo. 

    Surpresas a caminho

    Além da 4ª edição da feira, o público interessado já pode aguardar por outra surpresa. O grupo de artistas está reformulando o site para transformá-lo numa espécie de portal da cerâmica petropolitana. “Vai ser referência para quem quiser conhecer a cerâmica produzida aqui no município. Ainda faltam alguns ajustes, mas esperamos estar com tudo pronto até o fim de outubro, quando divulgaremos em nossas redes sociais. Todos os ceramistas da cidade podem participar.”, conta Ivo. 

    Foto: Mariana Rocha / Feira de Cerâmica de Petrópolis em 2022.

    Questionado sobre as realizações do grupo, que surgiu em 2012, o ceramista relata que todas elas estão relacionadas ao espírito de trabalho em conjunto. “ A cerâmica traz no seu DNA esse espírito de trabalho, pois antigamente era árduo alguém encarar sozinho as tarefas de coletar argila, modelar e queimar as peças por muitas horas em fornos a lenha. No grupo temos esse pensamento como norte: a ajuda mútua, o compartilhamento de experiências e a soma de forças para os alcançar o nosso objetivo de divulgar e valorizar a cerâmica produzida em Petrópolis. Então, todas as exposições que realizamos, todos os eventos que promovemos no Dia do Ceramista (28 de maio) merecem destaque. Mas, sem dúvida, o ponto alto foi no SESC Quitandinha, onde pudemos contar com um suporte financeiro e de produção que possibilitou a montagem de uma belíssima exposição, cuja visitação recorde e indicação para o Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura muito nos orgulhou.”

    Fundado em 2012, o Arte Cerâmica Petrópolis é formado, atualmente, por Ana Rondon; Arthur Bosísio; Ivo Ferreira; Jane Maia Weinberg; Jean Ruffier; Lydia Sebastiany; Maria Luiza Lacerda; Regina Duarte; Rosane Teixeira e Rosália Luz.

    Para conhecer mais sobre o projeto ou saber mais sobre a 4ª edição da Feira de Cerâmica de Petrópolis, basta acessar o site do grupo de ceramistas da cidade.

    Últimas