Três histórias curtas
As duas primeiras, ouvi contar. Portanto não posso garantir autenticidade ou exatidão. Mas se não são verdadeiras, até poderiam ser. A terceira aconteceu comigo já há mais de 10 anos, mas lembro bem e garanto a veracidade. Vamos lá:
1ª: A funcionária de uma empresa corretora de imóveis mostra uma casa a um potencial comprador, bastante interessado. Trava-se o seguinte diálogo: Ele: “Onde é o norte?”. Ela: “Por que o senhor quer saber?”. Ele: “Porque trabalho até muito tarde de noite, portanto acordo tarde e não gosto do sol batendo cedo na minha janela; perturba meu sono.” Ela: “O sol nasce no norte?”. Ele: “Há bilhões de anos o sol nasce no leste.” Ela: “Então para que o senhor quer saber onde é o norte?”. Ele: “Basta conhecer um dos pontos cardeais para saber os outros.” Ela: “Não estou atualizada nesse assunto.”
2ª: Um gerente de uma multinacional em Manaus atende o telefone e do outro lado da linha uma voz masculina pergunta: “Eu queria saber se esse é o telefone de atendimento ao consumidor e qual o horário de atendimento”. Gerente: “Sim, este é o telefone. O atendimento é permanente, 24 horas por dia, todos os dias do ano”. Quem chamou: “Mas isso pelo fuso horário de Manaus ou de Brasília?” Gerente (desconsolado, para não ter que dar maiores explicações): “De Manaus”. O outro: “Obrigado.”, e desliga.
3ª: Fui, na época em que morava em São Paulo, a uma grande papelaria, com estoque muito variado de mercadorias. Uma jovem, bonita, simpática, educada, atenciosa, pergunta o que quero. “Preciso de pontas para lapiseira, essas minas de grafite, com meio milímetro de diâmetro”. Ela: “Meio milímetro não tem”. Eu: “Vim porque um amigo me disse que aqui acharia.” E continuo, meio desanimado: “Deixe eu ver o que tem, se dá para fazer alguma adaptação”. Ela trouxe uma caixa enorme, cheia, com grande variedade. Logo pego uma e digo: “Aqui, esta, meio milímetro”. A balconista: “Isso não é meio milímetro, isso é zero cinco. O tamanho zero cinco tem, meio milímetro não tem”. Digo que vai servir perfeitamente, ponho no bolso, pago e saio pensando no acontecido e na ignorância da aritmética fracionária.
Uma das conclusões a que cheguei, sobre essas histórias: Essa gente também vota, também escolhe quem vai para o legislativo e para o executivo. E a escolha é baseada na falta de conhecimento, na cultura geral insuficiente. Portanto não surpreende que alguns políticos sejam eleitos, apesar de não terem desembaraço suficiente para o cargo. Será que os leitores têm conclusões diferentes?