• ‘Tire 5 Cartas’ faz rir com Lilia Cabral como taróloga golpista

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  • 05/09/2023 08:10
    Por Luiz Carlos Merten, especial para o Estadão / Estadão

    Dos cinemas, o espectador brasileiro tem-se mantido distante, exceto para prestigiar os blockbusters de Hollywood. Essa relação poderá mudar nas próximas semanas, e meses. Lilia Cabral – que está na TV em Fuzuê, como a mãe da vilã vivida por Marina Ruy Barbosa – estrela uma comédia divertidíssima, Tire 5 Cartas, que estreia nesta quinta, 7.

    Lilia conversa com o Estadão por telefone. Novo filme, nova novela. O repórter, como preparativo para a entrevista, assistiu a dois capítulos de Fuzuê, novela das 7 da TV Globo. Personagem meio sem graça, não é Lilia? Ela dá uma gostosa risada.

    “Não se preocupe, nós estamos em que número? Capítulo 13 ou 14? No 18, começa a virada da Bebel. Fuzuê traz uma nova proposta para o horário. Não se baseia numa trama familiar, embora a tenha, claro, mas é principalmente uma comédia de caça ao tesouro. Destina-se aos jovens, e eles aderiram. Pelo que sei, nesse começo Fuzuê está tendo mais audiência do que Vai na Fé, no mesmo período. E a Bebel vai crescer na trama. Vou ter uma relação com o Nero (Edson Celulari). Daqui a pouco a novela estará falando sobre romance na terceira idade, o amor na faixa dos 60 anos. Você vai gostar”, garante.

    E o filme? Quem fala primeiro é o diretor Diego Freitas. “O coprodutor Joaquim Haickel – tem outro crédito para Elisa Tolomelli – é maranhense. Me chamou para fazer um filme ambientado no Maranhão, valorizando suas paisagens e o elemento humano local. Já havia uma sinopse, mas fui dando meus pitacos e construímos essa linda história”, relata.

    Fátima, a personagem de Lilia, saiu do Maranhão para tentar ser cantora no Rio. “Até as cenas supostamente passadas no Rio foram filmadas no Maranhão”, conta o diretor. “A Fátima não realiza o sonho de ser cantora, mas vira taróloga e vive um grande amor com o Lindoval (Stepan Nercessian), clone de Sidney Magal”, afirma Lilia.

    Uma herança inesperada leva a personagem de volta a São Luís. Reencontra a irmã, com quem não se dá nada bem. O que Fátima não sabe é que agora está levando uma pedra preciosa, uma joia valiosíssima. É caçada por criminosos. E sofre uma grande perda.

    Malandragem

    “A Fátima é uma 171 que vai passar por um processo de transformação. Faço essa protagonista, mas como espectadora quero acrescentar que Tire 5 Cartas é o tipo de filme que gosto de ver. Tem realismo fantástico, efeitos, romance, trama policial, humor, drama. Tem tudo!”, garante Lilia.

    Dora, a Fernanda Montenegro em Central do Brasil, também pode ser considerada ‘171’, como diz Lilia. E mudava na relação com Josué, o garoto, para que o diretor Walter Salles falasse da construção da ética no Brasil dos miseráveis.

    “Não fica claro se a Fátima continua 171, mas ela vira uma pessoa melhor, mais preocupada com os outros. Supera o luto, abre-se para um novo amor. É uma mulher brasileira, guerreira, como a Griselda (personagem vivido por ela em ‘Fina Estampa’), como eu”, reflete Lilia. “E o público vai adorar a participação da maranhense Alcione e do carioca Sidney Magal.”

    Para Lilia, o grande prêmio a que Tire 5 Cartas pode aspirar é lotar os cinemas, levar o público de volta às salas. Prêmios – troféus – ela tem todos. No Brasil recebeu o Shell, o Mambembe, vários Troféus Imprensa, APCA/Associação Paulista de Críticos de Artes, o Grande Otelo/Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, foi indicada para o Emmy Internacional.

    Carreira

    Ser atriz foi sempre um projeto de vida. Lilia Cabral tinha 37 anos quando recebeu do autor Manoel Carlos o que considera um presente. Em 1995, apesar da expressiva carreira no teatro, cinema e na TV, ela nunca tivera uma personagem como a Sheila de História de Amor para chegar com intensidade, ao coração do público.

    “Já havia feito a secretária Aldeíde de Vale Tudo e a beata Amorzinho de Tieta, mas foi com a Sheila que percebi em definitivo a força das novelas para atingir o público. Sheila era neurótica, obsessiva, mas mexia muito com as mulheres. Encontrei uma personagem para explorar e o público passou a me ver com outros olhos”, conta a atriz. Mas passaram-se mais 13 anos até que, aos 50, Lilia fizesse a sua primeira protagonista.

    Foi a Griselda da Silva Pereira de Fina Estampa, novela de Aguinaldo Silva. A personagem ganhou o público como Pereirão. “Se depois de Sheila eu me achasse pronta para ser protagonista, teria, talvez, me decepcionado. Mas segui por mais de dez anos fazendo personagens que acho que foram crescendo comigo. Com a Griselda, estava pronta, e não era só eu que pensava assim. Todo mundo sabia que era minha primeira protagonista e me deu o maior apoio.”

    No cinema, a trajetória não foi diferente. Começou com um pequeno papel, a secretária de Dias Melhores Virão, de Cacá Diegues, até superar a marca do milhão de espectadores como a Mercedes de O Divã, de José Alvarenga Jr., em que brilhava num papel ainda menor um certo Paulo Gustavo.

    Nem tudo foram flores nessa trajetória. Lilia já enfrentou problemas de depressão, teve síndrome do pânico. Foi mãe aos 40 anos, após sofrer abortos espontâneos. “Queria muito ser mãe e realizei meu desejo com a Giulia. Sempre soube que aprenderia com ela, e a Giulia me ensinou muita coisa.”

    Mãe coruja, a Lilia? Com certeza. Giulia Bertolli compartilha o elenco de Tire 5 Cartas com a mãe. “Já fiz análise e hoje tenho maturidade para estabelecer minhas prioridades. Tudo é importante. A família, a profissão, os afetos. Tento sempre equilibrar as coisas. E sou afetiva. Gosto de gente, de viver cercada de familiares, de amigos. Acredito muito no respeito mútuo. A gente vive num mundo que pode ser muito injusto, muito cruel. Respeito é necessário. Respeito quem me respeita.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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