Treino fácil melhora a rede capilar
O nosso sistema cardiovascular é uma engenharia incrível levando através do sangue oxigênio para todo o corpo desde os grandes órgãos até as minúsculas células. Ao mesmo tempo traz de volta o lixo metabólico. Imaginem o menor dos municípios desse país. Para chegar suprimento até lá, as mercadorias viajam pelas grandes rodovias, depois entram em estradas menores até chegar ao destino por estradinhas menores ainda que mal caibam dois carros lado a lado. Para um passar o outro tem que encostar.
Nosso corpo tem grandes artérias e veias até chegar à minúscula circulação capilar assim chamada por ser tão fina como um fio de cabelo. Seu diâmetro não passa de um centésimo de milímetro. O suficiente para passar uma célula vermelha (oxigênio). Só que é uma rede ou malha que leva oxigênio e traz o dióxido de carbono. Cada fibra muscular é suprida com pelo menos um capilar e as fibras vermelhas de contração lenta (do fundista) podem ser supridas por vários capilares dependendo do tipo de treinamento.
Os estudos mostram que essa rede capilar é expandida com treinamento aeróbio. A formação de novos capilares a partir de capilares pré-existentes (chamado de angiogênese) é estimulado pelo exercício aeróbio. (VanRoyen et al, 2001; Jussila, Atilato,202; Prior et al., 2004).
Ou seja, treino “fácil” que venho defendendo. O treino anaeróbio (intervalados) não aumentam essa rede capilar, mas é melhor tolerado por causa da base aeróbia. Mais capilares, mais oxigênio, mais energia vinda da geração de ATP (adenosina Trifosfato). Daí a importância dos treinos “fáceis” e mais longos que devem compor a maior parte dos treinamentos do corredor fundista. Mais capilares também refletem na diminuição da frequência cardíaca, especialmente a de repouso. A circulação sanguínea tem menos dificuldade de movimentação. Quando os rios da nossa cidade estão sujos qualquer chuvinha transborda. Sedentarismo e comida ruim entopem as veias e artérias, primeiramente a circulação capilar.
**Literatura Sugerida: 1) WAGNER, Peter D. Central and Peripheral Aspects of Oxygen Transport and Adaptations With Exercise. Sports Medicine (1991). 2) Newsholme et al. Corrida: Ciência do Treinamento e Desempenho. Editora Phorte, São Paulo, 2006.