• Em busca do bom senso

  • 28/10/2018 08:00

    Sábado, dia 20 de outubro, próximo passado, fui surpreendido com uma matéria jornalística, onde nela um vereador de nossa Cidade apresentava como ideia, retirar verbas da saúde para pagamento de um contrato para radares, com intenção de tentar diminuir o número de acidentes de trânsito.  

    Não se trata de uma feliz proposta, senão vejamos: a saúde de Petrópolis,  neste momento, e já há anos, está atravessando uma crise, mostrando sinais de fragilidade por todas as partes, quer no atendimento,  consultas, exames, cirurgias e fornecimento de remédios. Dou apenas um pequeno exemplo disto: se uma pessoa precisar de um ortopedista especialista em joelhos, o Hospital Nelson Sá Earp pede que o interessado ligue somente em dezembro para marcar para o ano que vem.  

    Esta situação combalida da saúde assim o está, por falta de gestão,  mas também e muito, por falta de verbas a contento. É impossível esconder, dado o tamanho do problema,  a falta de leitos e a escassez de medicamentos e insumos. 

    Usar a tesoura, como sugere o vereador, em uma área tão essencial para a população, revela mais um enorme problema, da forma como está pensando nosso legislativo hoje. 

    Um estudo da Fenasdetran mostra que radares não diminuem a violência no trânsito.  Servem mais para que Municípios arrecadem, em média, 3 vezes o valor  pago pelo serviço. Donde se pode concluir que, se o executivo  realmente quiser a volta dos radares, eles podem voltar a ser implementados, não com justificativas de conter e diminuir ocorrências de violência no trânsito, mas sim como mais uma forma de arrecadação. E não é necessária a retirada de verba de nenhum lugar; basta capacidade administrativa. 

    Hoje pagamos a mais cara passagem de ônibus do Brasil, se levarmos em consideração a relação tarifa/km percorrido; pagamos um preço por litro de combustível entre os 5 mais caros dentre os Municípios do Estado; água exorbitantemente cara e cobrada na maioria dos casos de forma errada, inclusive com taxas de esgotos onde não há recolhimento e tratamento deste; uma taxa de iluminação absurda; a cobrança de estacionamento mais cara do Estado do Rio, com penalidades abusivas e ilegais. Vivemos em um Município onde se paga caro,  pelo que não se tem em troca. 

    E talvez, em breve, mais uma vez sejamos mais penalizados com as multas dos radares e não possamos penalizá-los pela ineficiência da gestão. 

    Sempre é bom lembrar que o Município está a quase 2 anos pagando aluguel de um imóvel em Itaipava, onde pretende inaugurar uma UPA e que isto ainda não aconteceu por falta de verbas. Com as parcas verbas da saúde qualquer retirada para pagar um contrato de serviços de radares foge ao bom senso. 

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