• Estudo aponta falta de ações do Poder Público como fator principal para tragédia de fevereiro de 2022 em Petrópolis

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  • 27/06/2023 11:35
    Por Enzo Gabriel

    Um artigo publicado na revista Natural Hazards and Earth System Science, ligada à União Europeia de Geociências, mostra que a falta de ações do Poder Público foi o principal fator para a tragédia do dia 15 de fevereiro de 2022, não somente o volume de chuvas. O estudo foi feito por Enner Alcântara, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desastres Naturais (PPGDN), promovido pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Unesp de São José dos Campos e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

    De acordo com o artigo, os principais fatores para a extensão da tragédia foram: as fortes chuvas, o solo já saturado, a expansão urbana desordenada, a substituição da vegetação por superfícies com menor capacidade de infiltração e a falta de alertas precoces.

    O estudo foca no dia 15 de fevereiro, mas leva em conta o evento do dia 20 de março para uma reflexão, já que o nível de chuva também foi elevado, mas o número de mortes foi bastante inferior. No dia 15, o evento teve um “Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM),” algo que não é previsível pelos modelos de previsão do tempo, portanto o sistema de alerta do Cemaden não conseguiu emitir avisos antecipados, somente quando começou a chover forte. Por outro lado, o evento do dia 20 foi previsto alguns dias antes. Assim, até pela ocorrência da tragédia anterior, a chuva de março possuía menos áreas de risco em relação à primeira.

    Utilizando dados de precipitação e assentamento humanos disponíveis, além de empregar dados de sensoriamento remoto na análise, o estudo mostrou que a expansão urbana tem um efeito significativo na estabilidade de encostas, aumentando a possibilidade de deslizamentos de terra. Em Petrópolis há o registro de perdas florestais em áreas urbanas. Deste modo, o terreno montanhoso e a falta de deformação do solo detectada antes do deslizamento, levou à conclusão de que a chuva enfraquece as encostas e causa deslizamentos do mesmo modo que as alterações humanas também o fazem.

    Por fim, a análise sugere que haja melhora na gestão do risco de desastres no município, com restrição de assentamentos humanos dentro de 20º nas encostas, apoio financeiro e capacitação da Defesa Civil, além da limitação de alterações no solo, evitando deslizamentos. Tudo isso é apontado como fundamental levando as mudanças climáticas em consideração.

    Procuramos a Prefeitura, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos respostas.

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