• ‘Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto’, diz Magal, que ganhará exposição

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  • 19/06/2023 08:00
    Por Danilo Casaletti / Estadão

    Sidney Magal está muito bem. Prestes a fazer 73 anos, o cantor, em conversa por vídeo com o jornal O Estado de S. Paulo, se mostrou disposto. Não fugiu de nenhuma pergunta, muito pelo contrário. Parece não haver assunto delicado ou proibido com Magal. Nem mesmo quando ele relata o que ocorreu em maio, quando precisou abandonar o palco, após um pico de pressão.

    Na conversa, Magal, o amante latino, é apenas um personagem criado pelo Magalhães, o marido de Magali, a quem ele se declara a todo instante. O cantor acredita que seus fãs também sabem fazer essa separação. “O público sabe por que eu criei o Magal’, diz.

    Embora tenha planos de voltar aos palcos em agosto, a recomendação médica, por ora, é descansar. Magal também é sincero ao dizer que, sim, já pensa em uma aposentadoria dos palcos depois de quase 60 anos de carreira – e de deixar hits como Sandra Rosa Madalena, O Meu Sangue Ferve Por Você e Me Chama Que Eu Vou.

    Na terça-feira, 20, abre-se a exposição Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino, que vai celebrar seu legado no Centro Cultural Correios São Paulo.

    Com direção geral de Rodrigo West e curadoria de Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia que leva o mesmo nome da exposição, a mostra terá figurinos, fotos, entre outros materiais que contam a vida e carreira de Magal em diferentes plataformas, como TV, cinema e teatro. Na data, os Correios lançaram um selo comemorativo com a estampa de Magal.

    Saúde

    No dia seguinte à inauguração, Magal fará uma nova tomografia para saber se está tudo bem de fato. Isso porque na noite do 25 de maio, em um show na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Magal sentiu as pernas tremerem.

    Elas pareciam “falhar”, em sua descrição. Estranhou. Jamais bebe antes de uma apresentação. Ele precisou sair de cena. Nos bastidores, Magal foi atendido por uma ambulância que estava no local. Sua pressão estava extremamente alta.

    “Eu me assustei. Mas, chegando ao hospital, o médico me disse: ‘Dê graças a Deus. Foi um acidente vascular muito pequeno. Uma coisa mínima, em uma região do cérebro que não vai te afetar absolutamente em nada’. E não afetou. Nenhum movimento, nada, nada”, diz.

    Magal consegue, agora, fazer brincadeira com o episódio. “Me deu um tremilique na hora em que eu estava cantando ‘meu corpo estremece e já não consegue parar’ (referência à música ‘Me Chama Que Eu Vou’, um de seus grandes sucessos).”

    “Foram os excessos da vida que me fizeram ter esse susto repentino”, ele diz.

    Magal vê o episódio como alerta para uma mudança de vida. Sedentário, o cantor, que tem mais de 1,90 m, estava com mais de 130 quilos.

    Nunca abusou da bebida, mas gosta de tomar cerveja, sobretudo no calor de Salvador, onde mora há décadas.

    Magal jamais culpa o trabalho. Só neste junho estavam previstos 16 shows. Outros cinco ou seis estavam na agenda de julho. “Os excessos são do homem mesmo. ‘Vamos para o restaurante?’. Vamos! Vamos descansar? Não!’. Sempre fui assim.”

    O cantor quer aproveitar o incidente para repensar o ritmo de vida e de trabalho que tem mantido nesses quase 60 anos de carreira. Viagens, shows, programas de televisão, rádio, entrevistas. Tudo ainda faz muito sentido para ele – e a agenda de compromissos é cumprida com prazer e bom humor.

    Atemporal

    Magal atribuiu seu sucesso com o público durante décadas ao seu jeito autêntico – é incrível pensar que ele emplacou hits nos anos 1970. Foi com essas músicas, com exceção de Me Chama Que Eu Vou, dos anos 1990, que ele se manteve todos esses anos em evidência, seja como um dos ídolos do “brega” ou como o artista cult dos últimos anos.

    Foi chamado de efeminado. Hoje, diz, os homens entram em seu camarim e agradecem por ele ter feito parte da trilha sonora da vida deles. “O público sabe muito bem por que eu criei o Magal. É um personagem”, diz.

    Magal sabe que sua carreira está a caminho da aposentadoria – algo que ele trata de maneira natural. Sincero, não quer padecer fisicamente diante do público. “Fico deprimido por ter visto uma artista como Elza Soares que, apesar de tanto talento, se deteriorou fisicamente diante das pessoas que aplaudiam, aplaudiam, até o último momento”, diz sobre a cantora que morreu no ano passado.

    Atualmente, ele conta que no espelho vê apenas o Magalhães, não mais o Magal. “Quando a vida não se apresentar mais para mim de maneira intensa no palco, serei apenas o vovô da Madalena”, diz.

    Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino

    Centro Cultural Correios SP, Sala 01 e Átrio. Pça Pedro Lessa, s/n. 2ª/sáb., 10h/17h. Grátis. Abre 3ª. Até 28/7

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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