• TÔ NA ATA

  • 16/10/2018 09:40

    Excelências, não julgo nem sequer, cegueta eremita que sou, testemunho. Apenas divirto-me a juntar os ecos que ainda me chegam à cognição e a montá-los em quebra-cabeça virtual, enquanto espero Algo que desconheço. Nada mais. Por exemplo, constato que o mundo político-administrativo que conhecemos nas últimas décadas, caiu do galho. Apodreceu no pé, os pássaros não queriam mais bicar aquela gosma que, ao cabo, veio espatifar-se na terra onde servirá de adubo para algo novo. 

    Depois de ignorar na transição o art. 79 da LOM com a cumplicidade de cada uma de vossas excelências, o burgomestre fez as contas e descobriu que o anterior deixará nas costas do povo contas não pagas no montante de 766 milhões. O atuário do INPAS colocou no seu relatório publicado e não-lido que o RPPS já batia em rombo de 85 milhões mais, no seu caminho batido para dobrar as dívidas outras. Somei alhos com bugalhos e cheguei a 851 milhões por ora, fora dívidas trabalhistas e outros olvidos. Por preguiça, parei por aí, mesmo antecipando que um auditor míope tropeçaria em bem mais.

    Não me relataram sobre alguma excelência que tivesse doado instantes de seu tempo para fazer um cálculo primário mas curioso. Se divido 851 milhões por 305.000 habitantes, estimativa do IBGE, constato que cada petropolitano, desde a minha grei dos velhotes até o mais recém-chegado dos (e das) nenéns, está em dívida de R$ 2.837 com a res publica, ou coisa pública em Luso. Os locais respondem por esta conta espetada em seu gancho pelos alcaides e edis, e me refiro pois e também  à vossas munificências e seus predecessores. Uma família-padrão de quatro pessoas é devedora de R$ 11.348 em decorrência da grana torrada sem critérios pelos mandatos cumpridos com inconsequência e deleite. O toco repassado às pessoas de Petrópolis pela incúria de nossas administrações e seus, perdoem a ênfase, malditos “planos de governo” de quatro anos, arquivados sem leitura prévia nem avaliação posterior pelas autoridades competentes, paira que nem ameaça e acabará pousando sobre as economias do povão. Algo me sugere que o valor do rombo a ser repassado já cresceu, mercê da continuidade dos atos e omissões de nossos mandatários nos dias úteis, recessos, feriados e pontos facultativos. Mais toco para cada munícipe, obrigado.

    Há muito, confesso, que não leio as atas da augusta Câmara; as letrúsculas que adotaram por preocupação de meritória economia me impede o prazer. A confiar no que me repassam os íntimos, nunca dedicou tempo um dos quinze magníficos a fazer esta soma e esta divisão que acabo de oferecer. Entendo que as múltiplas preocupações que pesam sobre os ombros de cada edil não permitam refletir sobre a desgraça que causaram ao povo que os elegeu. Talvez sirva de consolo aos nossos edis saber que o alto custo direto do seu labor, R$ 31,5 milhões (sem inclusão dos ônus das prorrogações de contratos ou das exceções pontuais da Coperlupos), é paulada irrisória nos bolsos dos contribuintes, pois não custa mais do que R$ 105 anuais per capita ou R$ 420 por família. Uma merreca que os sem-nada tiram de letra.

    O sistema já deu o que tinha para dar. Que mude, e depressa, a rogo das famílias.

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