• Um ano e três meses após tragédias, bairros atingidos ainda sofrem com descaso do poder público

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  • 25/05/2023 14:34
    Por Helen Salgado

    *Matéria atualizada às 16h09 para inclusão do posicionamento do Governo do Estado

    Obras paradas, imóveis interditados e petropolitanos inconformados que, mesmo após um ano e três meses após a primeira tragédia que atingiu Petrópolis, ainda é possível presenciar resquícios do temporal que fez mais de 240 vítimas fatais.

    O bairro Vila Felipe, no Alto da Serra, foi um dos locais mais atingidos pela tragédia. Na região, ainda há o que ser feito e moradores relatam o descaso do poder público em relação a alguns pontos do bairro.

    Vila Felipe – Foto: Reprodução Redes Sociais

    No fim de janeiro, a Prefeitura de Petrópolis divulgou o início das obras que previam barreiras dinâmicas, drenagens, demolições de blocos rochosos soltos, reconstrução das servidões, além da reorganização do fluxo das águas pluviais nas servidões da Rua Jacinto Rabelo – dentre elas, a Rua João Rodrigues Batista e a Servidão Geovane Santos. Vias que foram duramente atingidas pelas chuvas do início do ano passado.

    No entanto, de acordo com Elisângela Lopes, moradora da Servidão Jacinta Rabelo, há ainda outros locais, duramente atingidos pelos temporais, que não foram contemplados com as intervenções. É o caso da Servidão João Bonifácio Pacheco.

    Obras a passos lentos

    Por volta das 11h desta quinta-feira (25), as equipes que trabalhavam nas obras no bairro já não estavam lá mais. De acordo com moradores, que fizeram registros, as obras que acontecem no local estão a passos lentos. Em alguns pontos, ninguém chegou a ir trabalhar nesta quinta-feira. Moradores da localidade flagraram o canteiro de obras parado.

    Servidão Geovane Santos, no Vila Felipe. Moradora flagra canteiro de obras vazio na localidade – Foto: Reprodução Redes Sociais

    Moradores cobram esclarecimentos

    Elisângela lembra que no dia 28 de março foi marcada uma reunião com o atual Prefeito, Rubens Bomtempo. No entanto, posteriormente, ela foi desmarcada. A informação fornecida aos moradores foi de que, em breve, uma nova data seria marcada. Todavia, até hoje os moradores aguardam pelo encontro.

    Vale lembrar que uma primeira visita foi feita ao local ainda em janeiro com o Prefeito, o vereador Léo França e moradores da região. No entanto, novos encontros seriam realizados no bairro para monitorar e fiscalizar as intervenções.

    “Por que tanta mudança de projeto? Por que não tem as reuniões? Por que eles não chamam a comunidade para falar sobre o que está acontecendo?”, questiona Elisângela.

    Pelo que foi informado pelo município, o andamento das obras seria dialogado com a população para discutir as opções mais viáveis e trocar informações a respeito dos projetos.

    Elisângela diz que os moradores descobrem as informações e repassam entre si. “A gente fica à mercê. A gente fica perguntando para um, para outro. Agora um vizinho veio me falar que não está tendo a obra, porque estão mudando o projeto da obra de contenção. Independente disso, eles ficaram de dar essa satisfação todos os meses para a comunidade”, afirma a moradora.

    Moradores querem voltar para as suas casas na Rua Nova

    Na Rua Nova, por exemplo, as obras de contenção e estabilização na rocha da 24 de Maio, que apresentava perigo para os moradores, já foi finalizada e, mesmo assim, os moradores não têm permissão para voltar para as suas casas.

    Leia também: Obra nas rochas da Rua Nova está com 70% de conclusão

    De acordo com Ney Souza, representante da Associação de Moradores da Rua Nova, há pessoas que querem voltar para as suas residências, enquanto outras preferem ficar no Aluguel Social. Neste último caso, por não conseguir arcar financeiramente com os custos da reforma das casas atingidas pela tragédia.

    Os imóveis construídos na Rua Nova foram frutos de dedicação e anos de trabalho dos moradores. Por esse motivo, os moradores que desejam retornar para o bairro reivindicam o retorno às suas casas. Além disso, eles citam, ainda, o fato de a Rua Teresa estar aberta e em funcionamento, sendo que a via também estaria exposta ao perigo, caso algo acontecesse com a rocha que passou pela intervenção na Rua 24 de Maio.

    Procurados para mais esclarecimentos, o Governo do Estado informou que “as obras emergenciais foram entregues, como a primeira fase do túnel extravasor; as contenções de encostas nas ruas Olavo Bilac; Conde D´Eu; Avenida Portugal; Complexo da Rua Teresa, que inclui as ruas Nova, 24 de Maio e Teresa; e Washington Luiz. Atualmente estão em fase de preparação as licitações da segunda fase do túnel extravasor; da Rua 1° de Maio; da Rua Bartolomeu Sodré, no Caxambu; e da Rua Uruguai, no Quitandinha.”

    Já a Prefeitura informou que a obra da Rua Nova foi assumida pelo Governo do Estado. “Em março deste ano, a Defesa Civil realizou vistoria técnica na área afetada por drone e in loco, onde constatou risco remanescente. A Prefeitura aguarda o Estado dar o aceite final da obra – incluindo as informações completas com relação às obras de drenagem, retirada dos resíduos da área afetada, bem como qual a área protegida pela obra realizada – e informar o fato ao município e ao Ministério Público.”

    Sobre a obra na localidade Vila Felipe, a Prefeitura de Petrópolis não deu nenhum retorno.

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