Pleito machucado
Menos de uma semana para uma decisão sobre os destinos de nosso sofrido país. Como sempre, escolha dificílima diante do negativo quadro de postulantes, sob impressionante maioria de pilantras e políticos carreiristas e desclassificados, verdadeiros vendilhões da dignidade, sem qualquer prurido – mínimo que seja – de amor cívico, somente beneficiando suas carreiras e a de seus apaniguados cúmplices. Muitos, que deveriam estar atrás das grades, posam de moralistas e empreendedores, prometem tudo, mentem descaradamente e se atacam, se atracam, envergonham suas famílias, filhos, comunidades inteiras, na luta desavergonhada pelo votinho que lhes conferirá mandatos como emprego e nunca missão verdadeiramente política.
Assim se apresenta o pleito mais difícil e infeliz de toda a nossa história, quando não conseguimos suportar os inscritos, como sentimos asco diante de muitos novos desprovidos de inteligência, que saem das obscuridades para a tentativa dos faróis da boa vida e trilha asfaltada no trânsito para as sinecuras.
A campanha final está levando às ruas partidários do sim e do não, coisa esdrúxula quanto infeliz, onde a plebe rasga leis e preceitos, posturas e conquistas democráticas para exigir o não voto em repúdio a esse ou aquele candidato que encabeça o rol das suspeitas pesquisas. E, o pior – e mais lamentável – é a postura marqueteira dos candidatos na rabada numérica das intenções de votos, aproveitando-se dessa população conduzida por espertalhões – e muitos não se dão conta disto – que ingenuamente fortalece o jogo dos desesperados que sentem bem próximo o horror da perda dos privilégios e gordas mordomias.
Grande decepção é ver nas telinhas televisivas um postulante que pensávamos ético e ficha limpa, sempre candidato ao mais elevado que conseguir, descer à baixaria do aproveitamento das concentrações populares para arregimentar eleitores. E, ainda, usar especulações e mentiras, que pululam nas redes sociais, para denegrir as imagens de seus oponentes.
E os desalojados últimos, com seu guru entre quatro paredes de uma detenção sem grades, tentando o retorno, na maior cara de pau, prometendo tudo o que não realizaram ou desenvolveram nos seus 16 anos de mandatos, com alguns deles com tatuagens nas frontes das logomarcas da Petrobrás e das grandes empreiteiras nacionais que lesaram e deixaram correr uma corrupção de modelo bolivariano, como jamais ocorrera em todo o curso da sofrida história republicana do Brasil.
E, como falta a razão e a verdade, conclui-se, com Hamlet, de Shakespeare, que “[…] algo existe de podre no reino […]”.
Sim, existe, o nosso povo com elevadíssimo índice de parca escolaridade, de infeliz alfabetização ideológica, de vergonhoso desemprego, sob inflação selvagem e desumana, sem horizontes salutares, desprovido da capacidade de pensar minimamente coerente com a sociedade desnorteada que nos desune.
E assim para diante, como massa inocente de manobra, a uns poucos dias de uma definição que poderá salvar como arrasar de vez nosso país, nessa confusa noção de democracia que vem sendo destruída inexoravelmente.
Por fim, apenas ouvir a candidata a vice da chapa quente do PT, onde a falta absoluta de coerência e mínimo conteúdo só se ombreiam à trágica ex-presidenta (aqui cabe o feminino para sabermos de quem se trata), a maior humorista do século XXI, consagrada em todo o planeta como oradora do vazio e da indigência cultural.