• ‘Fui cassado por vingança’, diz Dallagnol sobre decisão do TSE

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  • 17/05/2023 21:57
    Por Levy Teles / Estadão

    Depois de ficar em silêncio por mais de 16h, o deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Deltan Dallagnol (Podemos-PR), reagiu à perda de seu mandato se dizendo vítima de uma vingança política. “Hoje o sistema da corrupção está em festa”, disse o parlamentar.

    O ex-procurador da Lava Jato ainda listou quem seriam seus inimigos que estão comemorando a perda de seu mandato: “Gilmar Mendes está em festa, Aécio Neves, Eduardo Cunha, Beto Richa estão em festa”. E acrescentou: “Perdi o meu mandato porque combati a corrupção. Hoje, é um dia de festa para os corruptos e um dia de festa para Lula”.

    Gilmar Mendes não foi o único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que escapou das críticas de Deltan. Alexandre de Moraes, que também é presidente do TSE, foi mencionado. “Eles conseguiram que sete ministros superassem decisões e pareceres unânimes anteriores e que me cassaram. Liderados por um ministro, que já disse o ministro Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação de Lula: ‘missão dada, missão cumprida. Liderados por um ministro que, ao encontrar Lula certa vez, disse: ‘está tudo em casa'”.

    Sem informar se irá recorrer à decisão do TSE, Deltan pareceu aceitar – durante o discurso de pouco mais de 10 minutos de duração e repleto de referências bíblicas – que não poderá mais exercer o mandato, ainda que neste momento ainda caiba a possibilidade recurso ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

    Antes do pronunciamento, o deputado usou sua rede social para postar um vídeo com imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e do corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Benedito Gonçalves. O vídeo tem o titulo de “a vingança de Lula” e associa a cassação aprovada no TSE a uma revanche do petista.

    Deltan afirmou que, apesar da cassação, não vai abrir mão da atuação política. “Todo tombo dói. Mas não vou desistir”. Ele disse que a decisão do TSE foi uma desrespeito aos votos que recebeu nas eleições de 2022. O ex-procurador da República foi o mais votado no Paraná.

    Deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles, o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), compareceram ao pronunciamento de Deltan. Eles carregavam placas que diziam, entre outras coisas que “a esquerda quer vingança” e que “perseguição política não é justiça”.

    Ele esteve ao lado da presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), de colegas parlamentares e do advogado, Leandro Rosa. A decisão da Corte foi por unanimidade, numa votação que durou pouco mais de um minuto: 7 a 0 no placar geral.

    O pedido foi feito pela federação Brasil da Esperança, que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN).

    Deltan passou a noite e a madrugada fechado em seu gabinete onde se reuniu com assessores, copartidários e seu advogado para definir a estratégia seguinte. Ele só saiu da Câmara às 3h da manhã.

    Em visita a Deltan, a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP) prometeu tomar as medidas judiciais que ainda restam.

    No gabinete de crise, assessores propuseram que a Câmara movesse uma moção de repúdio. A estratégia ganhou adesão nos grupos de assessores da oposição, que reunia assinaturas ao longo da tarde desta quarta-feira, 17.

    Os funcionários continuam frequentando o gabinete do ex-procurador da Lava Jato normalmente. Até o final da tarde da quarta-feira, a secretaria-geral da mesa da Câmara não foi comunicada formalmente pelo TSE sobre a decisão. Enquanto isso, apoiadores e opositores de Deltan frequentavam a unidade para tirar fotos na frente da porta.

    A Coluna do Estadão mostrou que Lira já disse a interlocutores que Deltan terá que deixar o gabinete e devolver equipamentos à Casa nas próximas horas assim que chegar a comunicação do TSE sobre a decisão.

    À noite, Deltan disse que os votos foram calados por “uma única canetada” e que tem o sentimento de “indignação com a vingança em curso sem precedentes do Brasil”.

    Internamente, assessores relataram que Deltan “teve vontade de chorar, mas não chorou”.

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