• Recordando Maria

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  • 26/09/2018 18:51

    Segundo o adágio popular, “atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”, que certamente o ajuda a lhe mostrar os passos mais seguros a serem seguidos, ou seja, a fiel conselheira de todos os momentos da vida do casal, sejam difíceis, sejam até banais, todavia a palavra da esposa é sempre aquela advinda da sensatez e sem dúvida partida do íntimo do coração.

    E não posso negar que isso foi o que ocorreu entre meu pai e minha mãe passando a se propagar na minha família, graças a Deus, com sucesso.

    Assim é que quando meu pai chamado para exercer suas atividades profissionais no Rio de Janeiro, na década de mil novecentos e quarenta, ainda teve dúvidas para concretizar a decisão, muito embora o convite tivesse partido de um grande amigo, Dilson Melgaço Filgueiras, dígno procurador do então DNER.

    Todavia, a aceitação só acabou se dando quando a esposa, prudente e lastreada na sensibilidade própria da mulher, aconselhou-o no sentido de que aceitasse o convite.

    Outra situação digna de registro ocorreu quando o poeta pretendeu ingressar na política, no que foi contestado pela esposa, ainda que meu pai, um tanto teimoso, houvesse concorrido a dois pleitos, o que o levou a escrever “Conversa de Candidato”, publicação que integra o livro “Versos Diversos”.

    Ainda sobre o tema política, a palavra final coube a ela opinando da maneira mais sensata, ou seja, intuindo-lhe que esquecesse a política embora que cercado de pessoas do mais alto nível, tais como o Prof. Maurício Cardoso de Mello e Silva e o cirurgião dentista Prudente Aguiar, dentre outros, como o sempre lembrado amigo Luiz Carlos Soares, aconselhamento que conduziu viesse o “ex-político” a perseguir uma trajetória profissional meritória, sobretudo respeitada.

    Por tantas razões e certamente grato pelos bons conselhos recebidos e ainda pelo grande amor dedicado à esposa, o poeta lhe fez dedicar várias trovas, muitas delas com o nome Maria a prevalecer.

    Meu pai apreciava sobremaneira a figura da esposa exatamente por tarefas que ficavam sob sua responsabilidade, especialmente no lar, sem falar na dedicação junto ao magistério; no comando da casa valendo-se da ordem e ao mesmo tempo expressando carinho para com aqueles que a ajudavam nas tarefas do dia a dia.

    Assim é que neste sentido escreveu: Toda mulher se revela, / Com graça e delicadeza / Entre as flores, a mais bela, / Que nos deu a natureza”.

    Antes de partir deixou dedicada à esposa a trova que segue: “Ao fazer minha viagem / Derradeira… Por que não? / Hei de levar tua imagem / Dentro do meu coração”.

    Minha mãe, pessoa querida e sempre circundada por um grupo de amigas sinceras e caridosas, todas também muito próximas do poeta, recebeu dele a seguinte sextilha decassilábica, ao tempo de namoro:

    “A teu lado nos invade / Uma alegria sonora, / Rósea flor – flor de verdade… / E sempre que vais embora, / Aqui, só deixas saudade”.

    Ambos partiram e a propósito de tão inesquecíveis criaturas ainda sinto no peito uma lembrança simplesmente imorredoura. 

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