Uso indevido de plásticos pode causar danos à saúde
Sabe aquele copo de café quente que insistimos em tomar logo após o almoço? Ou aquele litro de água que você se obriga a tomar todos os dias pra se acostumar a inserir hábitos mais saudáveis noa sua rotina? Agora pare para refletir: em que recipientes você consome essas bebidas? Os materiais plásticos descartáveis, normalmente, são a escolha mais frequente. O que muita gente não sabe é que existem classificações diferentes para cada plástico, de acordo com o tipo de uso indicado.
O uso incorreto dos recipientes podem causar danos à saúde. Isso porque os materiais podem, por exemplo, liberar substâncias tóxicas em contato com o calor. A endocrinologista Érica Ferreira explica que as maiores preocupações são com as toxinas bisfenol e ftalato, que deixam os plásticos mais sólidos ou flexíveis, respectivamente. Ambas em contato com o calor, podem acabar interferindo na ação de alguns órgãos, pois, copiam ações de hormônios, ou seja, desregulam o sistema endócrino do indivíduo.
“É importante ficar atento a este consumo. Nada surge de repente, mas sim, a longo prazo. Existem pesquisas que relatam casos de crianças que no útero tiveram muito contato com algumas dessas substâncias e anos depois desenvolveram problemas. As toxinas, segundo alguns estudos, podem causar puberdade precoce, infertilidade e até vem sendo estudada a relação delas com câncer de mama, diabetes e obesidade”, explica.
Para facilitar essa diferenciação de usos, a indústria criou uma classificação com números, que pode ser observada nas embalagens plásticas. O padrão internacional que, em geral, fica no fim dos objetos identifica o tipo de plástico usado. Os numerais aparecem no interior de um triângulo e vão de 1 a 7, sendo considerados de menor risco os números 2, 4 e 5, por terem maior resistência ao calor. Os especialistas recomendam atenção para os que tenham os números 3, 6 e 7. Já o de número 1, na maioria das vezes, deve ser utilizado e descartado sem reaproveitamento.
Da mesma forma que os materiais fazem mal para o ser humano, acabam prejudicando a natureza. De acordo com a gestora ambiental Hannah Amaral, o uso demasiado de plástico pode trazer riscos. “Cada tipo de plástico funciona de alguma forma. Existem alguns que são mais recicláveis e outros não… é importante que as pessoas adquiram aqueles que tem mais chances de serem aproveitados, assim reduzimos os impactos para o meio ambiente”, conta.
Érica orienta sobre a substituição do plástico por alternativas como porcelana e vidro, que reduzem os impactos ao corpo humano e também o acúmulo do material no meio ambiente. “A gordura e o açúcar tem ligação direta com essas substâncias. Quando congelamos algum alimento, colocamos em plásticos e ao descongelar levamos ao micro-ondas nos mesmos recipientes, aumentando a quantidade de toxinas. O calor faz o alimento puxar ainda mais estas substâncias. Recomendamos esquentar qualquer alimento utilizando o vidro”, alertou a endocrinologista.
Hannah chama a atenção para uma alternativa que vem da natureza e pode auxiliar neste processo. O PLA (plástico de poliácido láctico) é biodegradável, feito a partir do amido da beterraba e da mandioca. “Se utilizássemos este material em nosso consumo diário, seria melhor para a nossa saúde e também para o meio ambiente”, afirma.
Conheça as classificações
O tipo 1 é destinado para as embalagens PET, feitas a partir do “polietileno tereftalato”. Os de número 2 são “polietilenos de alta densidade”, destinados às embalagens de iogurte, leite, sucos, sorvetes e produtos de limpeza. Plásticos marcados com o número 3 são os “policloretos de vinila”, muito conhecidos na cozinha graças ao plástico filme.
Plásticos marcados com o número 4 são os “polietilenos de baixa densidade”, polímeros usados para produzir sacos de lixo, sacolas de mercado, bolsas de soro fisiológico, etc. Os de número 5 são os “polipropilenos”, que podem ser usados para fabricar embalagens para alimentos, remédios, seringas descartáveis e outros produtos domésticos.
O “poliestireno”, largamente utilizado na indústria e empregado na produção frascos, potes, bandejas de supermercado, aparelhos de barbear e partes internas de geladeiras é o número 6.
As resinas plásticas têm número 7, dentre elas podemos citar o policarbonato, ABS, poliamida e acrílicos. É um dos tipos mais perigosos e infelizmente é muito usado nos garrafões de água e em recipientes para alimentos.