Familiares fecham rua em protesto por falta de lugar para sepultamento
“Indignação”, “revolta” e “descaso” foram as palavras que os familiares de uma senhora, de 81 anos, usaram para definir a situação em que encontraram o Cemitério Municipal para fazer o sepultamento, na tarde dessa terça-feira (4). A cova rasa que foi reservada para o enterro de Altair Kochem Soares era impossível de ser utilizada. O acesso até o local era inviável e o estado ao redor da escavação era deplorável. Revoltados, os familiares fizeram um protesto em frente à entrada do cemitério e bloquearam a Rua Fabrício de Matos por quase uma hora.
Isabel Catarina Soares Pereira, uma das filhas da senhora, contou com pesar a situação que encontrou quando foi fazer o sepultamento de sua mãe. O enterro estava marcado para as 14h, mas quando chegaram ao local viram que era impossível levar o caixão até a cova. O corpo da senhora ficou por pelo menos 30 minutos no chão do cemitério, até que os familiares conseguissem negociar com a administração outro local para o enterro.
Os familiares fecharam a Rua Fabrício de Matos por quase um hora em protesto. Foto: Alexandre Carius.
“O segundo lugar que arrumaram era ainda pior do que primeiro. Tinha covas abertas dos lados, com sacos com restos de outros corpos. A indignação nossa foi ainda maior. Queríamos que minha mãe fosse colocada em uma gaveta, mas não tinha vaga. Não me importo que ela seja colocada em uma cova, mas em um local digno”, disse Isabel.
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O péssimo estado de conservação do Cemitério Municipal assusta e, principalmente, entristece os vistantes. Há pontos em que as campas estão caindo, muita sujeira, sacos de lixo espalhados em muitos lugares. Até mesmo um caixão estava abandonado em um canteiro. Os familiares relataram terem visto um cão revirando roupas e um saco com ossos. Com a chegada dos familiares para o sepultamento, o animal foi afugentado por um dos funcionários.
“A gente paga imposto e tem que passar por isso. É muita falta de respeito com a gente e com as famílias das outras pessoas que estão enterradas aqui”, disse revoltada Sueli Regina da Rocha, sobrinha da falecida. “É ano político, quero ver alguém vir aqui. Não interessa fazer, porque eleitor morto não vota”, disse indignada outra familiar.
O corpo da senhora voltou para a Capela onde estava sendo velada. Somente duas horas e meio depois uma nova cova rasa foi exumada para que Altair pudesse ser sepultada. “É um absurdo! Um funcionário nos disse que ontem tinha 17 pessoas para ser sepultadas e não tinha vaga para todos. Se hoje quiséssemos outro lugar, teríamos que esperar 24h para vagar. Se não tivéssemos feito a manifestação, não conseguiríamos a vaga. O corpo da minha tia não estava preparado para esperar todo esse tempo”, lamentou um familiar.
Segundo a Prefeitura, a liberação de novos espaços nas gavetas é feita após a exumação, que segue o prazo previsto em lei – 3 anos após a data de sepultamento. Portanto, a liberação das vagas não é feita de uma vez só para todas as gavetas, ou seja, à medida que elas vão vagando, vão sendo disponibilizadas – após as exumações. A administração dos cemitérios publica convocação dos familiares para a exumação mensalmente no Diário Oficial. Não havendo gavetas disponíveis, a administração do cemitério disponibiliza covas rasas para o sepultamento, o que foi oferecido à família no caso citado.
A Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública (SSOP) já está em fase de planejamento para uma nova PPP para disponibilizar mais 80 ou 90 gavetas ainda esse ano. O projeto da obra está sendo feito em parceria com a Secretaria de Obras.