Aniversário do poeta
Oito de setembro de mil novecentos e cinco, nasceu na cidade de Oliveira, Minas Gerais, meu pai Osmar de Guedes Vaz, funcionário público federal, poeta e jornalista, tendo seguido a trajetória do pai, também funcionário federal, jornalista e poeta.
Iniciou seus estudos ainda na cidade de Oliveira e mais tarde frequentou o tradicional Ginásio Santo Antônio, na cidade de São João Del Rei, onde viveu durante a infância e adolescência. Todavia, a ausência do pai marcou-lhe de forma a nunca esquecer acerca de sua perda, já que o falecimento ocorreu precocemente quando ele e os irmãos eram crianças.
A tal propósito, após transcorridos muitos anos, escreveu o poeta:
Desventura
Inda menino, quando a vida é pura, / quando ela tem o seu melhor encanto, / eu já sofria o meu primeiro pranto, / com a morte do meu pai, tão prematura. / E, assim, tangido pela desventura, / cheguei à adolescência, sem, no entanto, / ter suavizada a sorte má, que tanto / me perseguia, impiedosa e dura. / E de tal forma com a adversidade / me confundi, que se a felicidade / passou em meu caminho, eu não a vi; / nem sequer a senti, tanto que agora, / já no ocaso da vida, me devora / a saudade do tempo em que sofri!
Guedes Vaz exímio trovador, dizia: “A trova não é fácil de ser feita, pelo contrário, porquanto o poder de síntese não é dado a qualquer pessoa e na trova prepondera, justamente, esse fator”.
Por tudo o que fez, pela vida reta que trilhou desde moço, foi alçado em 1º de junho em 1946, pelo então diretor-geral do DNER, engenheiro Francisco Saturnino Braga, ao cargo de chefe do Serviço de Comunicações daquela autarquia, e noutro ensejo teve a honra de servir ao Engº Jacinto Xavier Martins Júnior, na condição de Chefe da Secretaria do Gabinete do diretor Geral.
O procurador Álvaro Teixeira de Assumpção, em “Um amigo que não é esquecido”, assim se pronunciou acerca do poeta e funcionário público de escol: “Dos antigos funcionários do DNER, se destacava pela assiduidade, competência, enfim pela perfeita noção do cumprimento do dever, sendo de uma honradez doentia. Apesar de tudo sempre amável, educado e ainda tendo tempo nas suas raras horas de lazer para fazer poesia. Nomeado Tesoureiro, logo após se tornou o Tesoureiro-Geral da autarquia”.
E completa o amigo: “E não podia deixar de sê-lo, pois era dessas raríssimas pessoas a quem se podia confiar a guarda de ouro em pó”.
A respeito de meu pai, escreveu o poeta Francisco Carauta de Souza, em 12 de março de 1965, em Perfis Petropolitanos nº 159, o poema abaixo:
Poeta e sonhador (como eu também), / sem ter no entanto cabeleira ao vento, / maneja as trovas e sonetos tem / no estilo de apurado sentimento. / Gosta da SPAC e sei que à SPAC vem / dar um prazer de social momento / quando a DER lhe permite bem / ou não está sob a ação do esquecimento. / Sua paródias recita com tal graça / e os clássicos revolve na devassa / para dar-nos um luso de tamancos. / Tem volume de versos tão Diversos / e outros sonetos tem então dispersos / nos bolsos dos seus ternos sempre brancos.
Em 1962 assumiu a cadeira nº 28 da Academia Petropolitana de Letras, sob o patronato de Castro Alves, “levado àquele sodalício por unanimidade de votos, cousa singular, digna de registro”, conforme assinalou o ilustre médico e acadêmico Jorge Ferreira Machado na Revista da APL de nº 2, do mês de agosto de 1962.
O poeta faleceu em dezessete de junho de mil novecentos e oitenta e nove, entretanto já nos legara a seguinte trova:
“Nesta cidade querida, / onde eu conto muito amigo, / não tive o sopro da vida, / mas hei de ter meu jazigo”.
Não poderia deixar que passasse em branco esta data tão relembrada pela família e, por isso mesmo, faço-a consignar, neste ensejo, com um misto de alegria e de saudade.