O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), aceitou denúncia contra o vereador Luiz Eduardo Francisco da Silva, conhecido como Dudu, o policial civil Bruno César Salerno, e Guilherme Gonçalvez Vicente Moreira, pelo crime de extorsão mediante associação criminosa. O grupo teria como alvos o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, e o vereador e ex-presidente da Comdep, Léo França.
A denúncia, a cargo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, diz que os três réus exigiam o pagamento do valor de R$ 2 milhões para que Bomtempo e França não fossem investigados em uma possível nova fase da Operação Clean.
De acordo com a denúncia do MP, o vereador Dudu tinha como braço direito Guilherme, que o ajudava a abordar as vítimas e usar armas para intimidá-las. Neste contexto, Bruno César Salerno, policial e chefe do setor de inteligência da 105ª DP, atuava supostamente como um infiltrado. Com informações privilegiadas de dentro da delegacia, ele dava mais credibilidade às ameaças.
Em uma das ações, Rubens Bomtempo teria sido procurado pelo grupo, que exigiu o dinheiro e disse que poderia “manipular os inquéritos” caso a quantia fosse paga. A denúncia também narra que Léo França, na época, presidente da Comdep, também foi procurado pelo mesmo grupo e com a mesma intenção. Com uma abordagem mais agressiva, França teria sido levado para uma casa, onde supostamente os três acusados ingeriram bebidas alcoólicas e Dudu apontou um fuzil para o atual companheiro na Câmara Municipal de Petrópolis.
A denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado foi apresentada e aceita pelo juiz Afonso Botelho na 2ª Vara Criminal da Comarca de Petrópolis.
Versão dos envolvidos
Rubens Bomtempo
Segundo os advogados de Rubens Bomtempo, o prefeito estranha o fato do inquérito que o investiga por conta da intervenção em oito linhas de ônibus ter sido aberto pelo então delegado titular da 105ª DP, duas semanas após a tentativa de extorsão. A nota do prefeito afirma que após as buscas realizadas na Operação Clean, “os três réus tiveram acesso aos celulares apreendidos e passaram a abordar as vítimas com a ameaça de instauração de inquéritos, ainda que não houvesse motivo real para tanto”.
Léo França
Procurado, o ex-presidente da Comdep e atual vereador Léo França disse, em nota, que, até então, não havia se pronunciado pois a denúncia, protocolada em agosto de 2022, corria em segredo judicial. “Sofri graves ameaças pelas partes citadas no processo, inclusive, o Ministério Público comprovou, através de imagens e do próprio exército, o uso de armas de fogo durante as intimidações. Diante de tudo que foi exposto, tenho certeza de que a verdade vai prevalecer e que a Justiça será feita. Confio que no decorrer deste processo judicial todos os envolvidos serão punidos em conformidade com a Lei. Não devo favor a nenhum vereador, tampouco deixarei ameaças deste tipo abalar meu mandato e mudar minha conduta. Seguirei trabalhando e colocando os interesses da população acima de qualquer questão”, afirma França, em trecho da nota.
Dudu
O vereador Dudu se manifestou, através de uma nota, publicada em suas redes sociais. Na postagem, o vereador afirma que é “vítima de fatos caluniosos e difamatórios”. “Jamais deixarei que pessoas sem escrúpulos manchem a minha reputação perante a população petropolitana e, principalmente, o trabalho sério e combativo que venho fazendo de fiscalização do governo.” O vereador ainda diz que está à disposição da Justiça para ser ouvido sobre qualquer esclarecimento e afirma estar tomando “as medidas judiciais cabíveis quanto ao fato”.
A Tribuna tenta contato com os outros envolvidos para saber suas versões.
*Matéria atualizada às 17h30 para a inclusão do posicionamento do prefeito Rubens Bomtempo.