• Jovens ainda não confiam em transações pela internet, aponta pesquisa

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 06/09/2018 15:16

    Apesar de muito conectados, os brasileiros na faixa de 18 a 32 anos ainda não confiam plenamente na internet para negócios e gestão financeira. Esse é um dos resultados da pesquisa Jovens Transformadores, do Centro de Inteligência Padrão (CIP).

    A partir das entrevistas realizadas em todo o país com 1,2 mil jovens, o estudo mostrou que menos da metade dessa população acessa o banco pela internet (47%). Cerca de um terço (35%) não usa o celular para nenhum tipo de transação financeira e 39% não se sentem confortáveis em disponibilizar dados para fazer compras pela rede.

    Outros hábitos ainda permanecem mais analógicos do que digitais. A maioria desses jovens (65%) prefere livros impressos aos virtuais e 56% disseram ser influenciados por consumidores reais para fazer suas compras –  apenas 8% levam em consideração os influenciadores digitais.

    Leia também: Tempo gasto com celular preocupa adolescentes e pais, mostra pesquisa

    Segundo o diretor executivo do CIP, Jacques Meir, esse comportamento vem do fato de que a internet ainda é vista mais como uma forma de mídia do que um ambiente virtual amplo. “A cultura brasileira, ainda na relação com a internet, é derivada da experiência com a televisão, uma cultura de mídia”, ressalta.

    Assim, os jovens, mesmo utilizando de forma intensa a rede, ainda resistem a outras possibilidades. “Eles veem como uma ferramenta de comunicação e entretenimento. Exatamente por isso que eles têm desconfiança a uma imersão digital mais profunda”, acrescenta.

    Nova relação com o trabalho

    A pesquisa também levantou as percepções da juventude a respeito do trabalho. Uma grande parte, 43%, disse estar insatisfeita com o trabalho atual. Mais da metade (56%) gostaria de trabalhar em uma empresa que incentive a geração de ideias e melhorias, 45% em companhias que permitem a comunicação aberta e transparente entre as pessoas e 38% em negócios com políticas de igualdade e inclusão.

    “A questão do trabalho hoje é um grande conflito para essa juventude. Eles encaram com alguma insatisfação a maneira como eles trabalham”, destaca Meir. Isso tem a ver, segundo ele, com as transformações pelas quais a sociedade tem passado.

    Leia também: Na rede: a bicharada tomou conta da internet na última semana

    Por isso, passam tanto o engajamento com diversos temas da agenda política como uma visão diferente sobre o trabalho. Os direitos das minorias em sentido amplo (homossexuais, imigrantes, negros) são defendidos pela maior parte desses jovens (64%) e 75% se dizem engajados em causas ambientais.

    Sobre as empresas, 55% acreditam que elas têm como único interesse fazer dinheiro e 36% não acham que as companhias estão empenhadas em melhorar a sociedade. Um quarto (25%) acredita que as empresas atuem para melhorar a sociedade. Já os empreendimentos que promovem o compartilhamento de bens e serviços, a chamada economia compartilhada, são vistos por 70% como algo que traz impacto positivo no mundo.

    “Esse jovens conseguiram perceber que existem outras formas de organização do trabalho e se destacam por assumir propósitos, assumir causas”, define Meir.

    Essas características, tendem, de acordo com ele, a provocar mudanças na forma desse contingente de mão de obra se relacionar com o trabalho. “Essa é a tendência que mais merecerá atenção das instituições nos próximos anos: a reinvenção do trabalho. De que forma poderemos acomodar os jovens, uma grande legião de trabalhadores, dentro de uma atmosfera de substituição digital, grande automação, pouca qualificação e aspiração em relação ao trabalho que traga propósito”, destaca.



    Últimas