Luisinho, o ingrato
Maria e Alberto, um casal feliz, porém não tiveram filhos. Era o sonho do casal, todavia não lhes foi concedida essa graça.
Ele administrador de empresas, ela professora lecionando para o ensino médio dedicando a seus alunos muita paciência e abnegação, embora sempre inconformada com relação ao baixo vencimento pago à classe.
Maria e Alberto viviam em plena harmonia, contudo a falta de um herdeiro lhes trazia inquietação e tristeza.
Um belo dia decidiram, depois de muito meditar, partir para a adoção de uma criança, daí surgindo, após demorada tramitação na justiça, o menino Luis, logo apelidado apenas de Luisinho.
Adoção concretizada tudo foi motivo de festa e alegria.
Depois de muitos anos, em certos momentos, passaram a surgir preocupações eis que Luisinho já se tornara adulto se apresentando como um próspero cirurgião dentista.
Nesse mesmo período os adotantes, já mais idosos, e plenos de embates, eis que a vida lhes proporcionou muitos revezes, o pai foi obrigado a encerrar as atividades da empresa em face de dificuldades financeiras que passou a enfrentar. A mãe, já aposentada, porém adoentada, praticamente assumiu as despesas da casa num ambiente de bastante sacrifício, inclusive com sua vil aposentadoria.
O casal livrou-se apenas do pagamento do aluguel já que, no passado, conseguira adquirir um imóvel, entretanto, agora bastante desgastado justamente pela falta de boa conservação.
Luisinho, nesta altura, preocupado apenas com o seu consultório, viagens e a família constituída, três filhos “netos” do casal adotante.
Entretanto, o afastamento do adotado para com os adotantes, embora lento acabou num esquecimento total, o que veio proporcionar muitas amarguras aos pais, embora não mais assim considerados pelo filho ingrato.
Os velhos caíram numa terrível depressão já que esquecidos, doentes e sem quaisquer perspectivas de um resto de vida dígna.
Luisinho não era mais aquele Luisinho, assim não mais atendia quando o chamavam mas sim o Dr. Luis; em verdade, o ingrato e sem coração, o incoerente e desprovido de caráter, acabou por demonstrar que nada incorporou de positivo no concernente aos ensinamentos recebidos de seus pais adotivos.
Durante a infância e a adolescência recebeu todas as benesses dos pais. Foi tratado na condição de filho querido e amado, porém, mais tarde nada soube retribuir.
Sua atitude faz lembrar o ingrato que comeu e bebeu do bom e do melhor, enquanto lhe interessou, certamente já enganando os pais; contudo, ao vê-los num processo de degradação e de quase pobreza, fugiu dos mesmos como o diabo da cruz.