Distribuição de dividendos equilibrada não prejudica investimentos, diz Prates
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta quinta-feira, 2, que uma distribuição de dividendos equilibrada não deve prejudicar investimentos e deve, ao mesmo tempo, remunerar acionistas. Ele afirmou, ainda, que pretende sim trabalhar com “robustez de dividendos” e repetir os lucros auferidos nos últimos trimestres. Prates falou a investidores durante apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2022.
“Distribuição de dividendos equilibrada é aquela que conselho (de administração) e diretoria decidem em conjunto, sem comprometer bons projetos e remunerando os acionistas”, disse o presidente da Petorbras.
“Nós todos aqui estamos diante de uma situação de ‘trade off’. As empresas propõem uma relação de ‘trade off’ com os acionistas. Você deixa o dinheiro comigo (empresa) e eu vou te apresentar projetos legais, sustentáveis, de uma empresa sólida. E o investidor decide se quer estar conosco ou se quer ficar com o dividendo de curto prazo. As circunstâncias mudam, a conjuntura muda, os projetos mudam”, continuou Prates.
Na prática, a fala funciona como uma indicação de que a distribuição de dividendos deve continuar no futuro, mas em patamares bem mais baixos a fim de preservar caixa para fazer frente aos investimentos pretendidos, como a busca por novas reservas de petróleo e a entrada em outras fontes de energia, como eólica offshore e hidrogênio, citadas por Prates na fala inicial da apresentação.
Venda de ativos
O presidente da Petrobras disse ainda, na teleconferência com analistas, que, durante a sua gestão, quer mostrar aos acionistas da estatal que é bom ser sócio do governo, e que pretende deixar como legado uma empresa que tenha fôlego para mais 70 anos “produzindo valor para o Brasil”.
A afirmação foi feita em resposta ao ser perguntado sobre como queria deixar a empresa ao final do mandato.
Política de preços
Participando pela primeira vez de uma teleconferência com analistas desde que assumiu o cargo, em 26 de janeiro, Prates deixou claro que uma eventual política de preços deve partir do governo e não da estatal, mas que a gestão da Petrobras tem a responsabilidade de dizer ao controlador, no caso, a União, que existem alternativas melhores do que ser agente de política setorial.
“O preço de paridade de importação é o preço do nosso concorrente, não é o nosso, e tivemos momentos de fatores de utilização das nossas refinarias muito baixos nos últimos anos, por interferência do governo (anterior) para abrir espaço para os nossos concorrentes, e isso vai mudar, a política de preços é uma questão de governo”, explicou Prates.
Oportunidades
“A Petrobras tem a política comercial dela, vamos buscar os melhores clientes, nas melhores condições e dar a esse cliente as melhores condições para não perder oportunidade de venda”, completou.
Ele destacou que será um desafio maior para a Petrobras, já que não haverá venda de ativos a mando do governo, como na gestão anterior, que tirou a Petrobras de várias regiões do País.
“Não vamos vender refinarias ou de regiões inteiras do País porque o governo quer, serão decisões de empresa. Onde houver oportunidade no território brasileiro e até no exterior, vamos decidir. E quem vai decidir isso não é um ditador, é o Conselho de Administração, uma diretoria eficiente e com diálogo com investidores”, finalizou Prates.