‘A cultura machista do Brasil e do mundo precisa mudar’
Xuxa perdeu 800 mil seguidores nas redes sociais quando, no ano passado, no auge da divisão política que marcou a eleição presidencial, disse ao jornal O Globo que, “se você não se posiciona, concorda com o que está errado”. Contribuiu para aquela fuga maciça o fato de Xuxa ter declarado seu apoio a Lula.
“Na verdade, acho que nunca foram meus seguidores, pois não entenderam nada do que defendi minha vida toda, que é ter respeito pela natureza, pelas diferenças, pela necessidade da inclusão e pela aceitação das diferentes escolhas. Foi bom que tenham saído e espero que nunca voltem – só se mudarem.”
Mais do que apoiar o candidato do PT, Xuxa pretendeu tornar pública sua posição contrária à presidência de Jair Bolsonaro, cujo nome prefere não pronunciar e a quem trata como machista, racista, homofóbico.
Xuxa acredita que o político deveria pagar criminalmente por seus atos, porque atentou contra a dignidade de mulheres, homossexuais, indígenas e ainda não se posicionou abertamente contra a pedofilia e a devastação da natureza. “Sabemos que o mundo (e o Brasil em particular) tem uma cultura machista, mas isso tem de ser derrubado.”
Tal posicionamento convenceu Xuxa a se afastar de artistas simpáticos ao pensamento do ex-presidente – aí incluídos de sertanejos a roqueiros, passando por funqueiros. “Na minha opinião, são pessoas que deveriam se beijar, se abraçar e fazer o show para quem é parecido com elas”, diz. “Elas me fariam um grande favor de não estar perto de mim. Não gostaria de dizer ‘Não quero chegar perto de você’. Eu apenas gostaria que nem chegassem, não trabalhassem, não falassem, não se dirigissem a mim, não ficassem perto de mim.”
CONTATO INEVITÁVEL
Mas, como a eleição presidencial teve um resultado muito pareado, literalmente dividindo o País ao meio, Xuxa sabe que, inevitavelmente, terá contato com pessoas que discordam de seu pensamento político. “Trabalho com o público, vivo da minha imagem e não moro em uma fazendinha só cuidando dos meus bichos. Com certeza, terei de falar e, infelizmente, trabalhar com essas pessoas – espero que nunca queiram conversar comigo sobre esse assunto.”
A convicção com que fala é fruto de processo de amadurecimento, que nem sempre foi tranquilo, mas que ajudou a formar a cidadã Maria da Graça Meneghel. A ponto de ela responder às críticas com fatos – como a recente, do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que não aprovou sua escolha como nova embaixadora de vacinação no País. “Quando fiz a campanha ‘Beijin, beijin, tchau, tchau paralisia infantil’, 93% das crianças foram vacinadas e a poliomielite foi praticamente erradicada.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.