• Quase um ano após a tragédia, moradores da Rua 24 de Maio ainda aguardam por intervenções

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 06/02/2023 18:05
    Por Helen Salgado

    *Matéria atualizada para inclusão do posicionamento da Prefeitura

    Quase um ano após a maior tragédia socioambiental vivida por moradores de Petrópolis, ainda é possível perceber resquícios da falta de ações do poder público – principalmente nas comunidades. A Rua 24 de Maio, por exemplo, possui diversas casas interditadas, mas ainda aguardando por demolição, e os moradores vivem o medo de que o pior aconteça.

    Foto: Helen Salgado

    A última casa da servidão 530, por exemplo, foi uma das mais atingidas e corre o risco de desabar. Caso isso venha a acontecer, todas as casas que ficam próximas serão gravemente afetadas.

    A casa em questão é de Daniel Pinho, que já autorizou a demolição e precisou deixar o bairro em que mora desde que nasceu. “Várias casas estão em risco e nada é feito pelo município.”, desabafa.

    Foto: Divulgação

    Luciana Santana foi moradora da Rua 24 de Maio desde quando tinha três anos. Hoje, já adulta, ela percebe o descaso com a região. O maior medo da moradora é que a casa de Daniel desabe com as chuvas e venha a cair em cima de outras residências, principalmente na Escola Municipal Clemente Fernandes, que fica em frente à servidão.

    Apesar do local ter sido interditado, alguns moradores ainda vivem na região por não terem para aonde ir.

    “O governo que fez a promessa de vir aqui fazer as obras que foram prometidas pelo governador Cláudio Castro, o Rogério Brand esteve aqui, viu a área, mandou um engenheiro, o Evandro, para poder mapear a área para iniciar a licitação para as obras. Só que até o momento, a licitação não foi feita, as obras estão paradas.”, diz Luciana.

    O local é de risco e com as chuvas, principalmente as do início do ano, os moradores temem que a situação piore ainda mais.

    Trauma psicológico

    Além do medo constante, as vítimas da tragédia precisam lidar também com o trauma psicológico de reviver todo o drama novamente quando vão até a região. Luciana hoje não mora na Rua 24 de Maio pela insegurança que o local traz. No entanto, em visita a região nesta segunda-feira (6), ela reviveu toda a emoção e tristeza vivida nos dias 15 de fevereiro e 20 de março.

    Luciana fez contato com o engenheiro responsável e com o secretário de obras, Rogério Brand, pelo WhatsApp. Ambos prometeram fazer as intervenções necessárias na região o quanto antes, visto que a situação estava perigosa. No entanto, meses após as conversas, nenhuma ação foi tomada.

    Intervenções feitas pela comunidade

    A ex-moradora da Rua 24 de Maio diz que as obras feitas na servidão foram executadas pelos próprios moradores. Foi possível perceber pequenos muros de contenção feitos pelos moradores. Inclusive, na casa de Daniel, que está prestes a cair, os próprios moradores, cansados de esperar iniciativas do poder público, estudam assumir a responsabilidade da demolição.

    O que diz o Estado

    Em resposta, a Secretaria de Infraestrutura e Cidades (SEIC) informou que estão sendo investidos R$ 255 milhões em cinco obras de contenção de encostas, além do reforço estrutural do túnel extravasor do Rio Palatinato. As intervenções estão em fase de conclusão. Também foi informado que as ruas 24 de maio, Tereza e Nova estão com mais de 90% de obras finalizadas. Já a contenção e a drenagem na Pedro Ivo, no bairro Cascatinha, também estão na fase de finalização. Na Avenida Portugal, em Valparaíso, as obras de contenção foram finalizadas. Já a recuperação e canalização de pistas na Avenida Whashington Luiz já teve a via recuperada, faltando a contenção do canal.

    As obras nas ruas Uruguai e 1º de Maio e Avenida Paulista; na Estrada do Paraíso, no Sargento Boening; na Travessa Vasconcelos, na Vila Vasconcelos; na Chácara Flora; e na Rua Bartolomeu Sodré, no Caxambu; serão realizadas, por meio de licitação, com recursos no valor de R$ 147 milhões.

    O que diz a Prefeitura de Petrópolis

    A Prefeitura já faz um estudo na área e aguarda recursos para desenvolver os projetos e fazer as intervenções necessárias.

    Últimas