Tim, eterno menino
Deixou-nos o Tim. Seu nome completo de batismo? Luiz Gomes Duarte Neto, querido primo, filho de meus tios Sebastião e Helena, ele irmão de minha mãe Astrogilda e ela vinda da familia Rossi, (tenho boa imagem da matriarca Amália, esteio da famosa Malharia Vitória, empresa assumida pelas filhas que a mantiveram por muitos anos). Helena e Sebastião formaram casal perfeito deitado à vida petropolitana com talento e devoção. Suas três filhas (Márcia, Magda e Mônica) e o menino Luiz, tornaram-se exemplos de dignidade, trabalho, criando famílias que honram Petrópolis.
Voltemos ao Tim, o “seu” Luiz da cantina da UCP, onde vivia no encanto da camaradagem, do atendimento solícito, na alegria de viver colecionando amizades, dom de seu feitio de boníssima criatura humana. E, sem esquecer, que Tim era bacharel em Direito, curso completado na UCP, entidade à qual devotou carinho e nela atuou com empatia e talento.
Sempre que penso e recordo o Tim, vem à minha reminiscência minha avó, Alice Marques Duarte, que o tinha por neto especial. Sim e sob justíssima razão: Tim era Luiz Gomes Duarte Neto, homenagem ao nosso grande avô, querido funcionário estadual que trouxe das serras cantagalenses e adjacências toda a família Marques Duarte para Petrópolis. Ela não admitia o apelido Tim porque seu netinho era Luiz Neto e ninguém contestava mais nada a respeito.
E me parece interessante, nessa minha homenagem ao Tim, que minha avó exagerava não aceitando o apelido, já que ela própria não era chamada por Vovó Alice, mas Mamãe Alice. Seu marido Luiz era o Papai Lulu e desfilo, em seguida, alguns dos apelidos nossos: tia Adalgisa (Tia Gisa); minha mãe Astrogilda (Maninha), tio Luiz Gonzaga (Tio Luizinho); tio Sebastião (Tio Tião); tia Alice (Tia Alicinha); tio Sylvio Cecilio (Tio Silvinho); tia Marialva (Tia Nenem); tia Isabel (Tia Belinha); tio Agnelo (tio Nelo); tio Joaquim (Tio Quimquim). o primo Osório (Osorinho); o primo Mário (Mali) e, eu mesmo, Joaquim Eloy, somente chamado em família pelo segundo nome Eloy.
Quando crianças, ouvíamos nas rádios e liamos na imprensa e em folhetos promocionais a divulgação dos produtos Ramenzoni, fábrica de chapéus de todos os tipos, que criara um personagem “Tim Capacete”, aproveitando o tempo no qual liamos aventuras passadas na África, com exploradores de cabeças cobertas por capacetes. E sempre me perguntava se o nosso Tim ganhara o apelido por causa da Ramenzoni ou pelos herois da história em quadrinhos de Lyman Young “Tim e Tok”.
Ah! Recordar nos remete à sempre amada varanda da saudade e Tim (com licença, Mamãe Alice!) sempre foi uma criatura especial nos corações de todos, pela sua alegria, afabilidade, dedicação ao trabalho e à vida, amor à família, exemplo de criatura de perfil cordial, sem inimigos. Ainda ouço sua gargalhada que ecoava no rinque Marowil, quando praticávamos o hóquei sobre patins. Naquele esporte ele era um dos astros principais, integrante de nossa seleção que disputava jogos nacionais e internacionais. Patinação firme, goleador, garra, eram os predicados do belo atleta. Muita saudade desse mágico tempo no volitar pela quadra na arte gostosa da evolução que nos fazia flutuar no saudoso Marowil.
Casado com Nadja, três meninas, um menino, pai amoroso e, ao mesmo tempo, enérgico, sempre de coração derretido de bondade como de sua caracteristica. Interessante, pelos laços fortes do DNA, ele e eu éramos parecidos fisicamente, bem parecidos, ao ponto de ser cumprimentado na rua: “- Alô, seu Luiz!”. “- Seu Luiz, amanhã passo na cantina para nosso acerto!”. Eu ouvia, atendia ao cumprimento com muito orgulho de ser o “Seu Luiz” mesmo por momentos.
Ao meu primo Tim a minha saudade, a eterna lembrança dos dias mágicos da nossa infância, quando seus pais recepcionavam toda a família nos aniversários da Mamãe Alice e em datas especiais e as crianças corriam e brincavam pelo sítio, o saudoso paraíso da criançada. Éramos e somos felizes por estarmos em família tão especial. E sabíamos disso.