Irmão de Michelle Bolsonaro nomeado por Tarcísio esteve em acampamento golpista
O novo assessor especial do governo de São Paulo, Diego Torres Dourado – irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro – esteve no acampamento montado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro na porta do Quartel-General do Exército, em Brasília. Bolsonaristas passaram 70 dias no local, pedindo uma intervenção militar contra o resultado das eleições presidenciais. Lá, tramaram a tentativa de golpe que resultou na depredação das sedes dos Três Poderes no domingo, 8.
Uma foto de Diego Torres no acampamento foi compartilhada por dois amigos seus em 2 de novembro de 2022. Na imagem, o irmão de Michelle está de óculos e enrolado em uma bandeira do Brasil ao lado de três apoiadores do ex-presidente.
Torres não divulga em suas redes imagens sobre a visita que fez ao acampamento, mas curtiu a foto publicada por Elizangela Castelo Branco. “Em Brasília, assim como em muitas outras cidades brasileiras, as manifestações foram lindas, pacíficas e cheias de patriotismo. Brasileiros de todas as idades, credos e cores se reuniram por um único motivo: lutar bravamente por nossa pátria”, escreveu a amiga.
Em São Paulo, o irmão de Michelle foi nomeado como assessor especial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem ajudou informalmente na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Torres não teve cargo e salário por sua atuação na campanha.
A função de “assessor especial do governador I” tem vencimentos de R$ 19.204,22, segundo o portal de Recursos Humano do Governo de São Paulo. Nesta quinta-feira, 12, Tarcísio exonerou seu cunhado, Maurício Pozzobon Martins, que havia sido nomeado “assessor especial do governador II”, com salário de R$ 21.017,85.
Diego Torres já ocupou cargos em comissão anteriormente. O irmã de Michelle já foi assistente técnico na Aeronáutica e na chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e assistente parlamentar no Senado.
Golpe
O acampamento dos apoiadores de Bolsonaro foi desmontado na segunda-feira, 9, após a tentativa de golpe de radicais no domingo, 8. Extremistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), onde depredaram as estruturas dos prédios, picharam e destruíram obras de artes.
Em uma live realizada em 5 de janeiro, no acampamento, a extremista Ana Priscilla Azevedo deu o tom do plano. “Nós vamos colapsar o sistema, nós vamos sitiar Brasília, nós vamos tomar o poder de assalto, o poder que nos pertence”, disse.
Como mostrou o Estadão, fotografias, vídeos e trocas de mensagens em grupos restritos comprovam que a invasão foi um ato premeditado e organizado em seus detalhes, e não uma ação espontânea. O material deixa claro que os manifestantes foram para Brasília dispostos, efetivamente, a tomar as sedes dos três Poderes. Cerca de 1.400 pessoas foram detidas após o quebra-quebra.
Em nota, o Governo de São Paulo afirmou que “o fato apontado pela reportagem foi registrado em novembro de 2022, momento em que manifestações democráticas eram realizadas em todo país, diferentes dos atos registrados em Brasília no último dia 8”.