Secretaria de Saúde diz que número de pacientes vindos de outros municípios triplicou em dois anos
Referência em saúde no interior do Estado, Petrópolis tem sido o destino de muitos moradores de cidades vizinhas que buscam atendimento médico. Um levantamento da Secretaria de Saúde apontou que, em 2017, o número triplicou. A superlotação tem causado problemas para os petropolitanos que têm dificuldade para conseguir atendimento.
No ano passado, foram recebidos 13.308 pacientes, contra 3.737 do ano anterior. Só na maternidade do Hospital Alcides Carneiro (HAC), única da rede pública, chegam, em média, 82 mulheres por mês em trabalho de parto, um custo de R$ 1,1 milhão para os cofres do município. O levantamento da Secretaria apontou que a maior parte dos pacientes são oriundos da baixada fluminense, principalmente, de Magé, mas nos últimos meses vieram grávidas até mesmo de Araruama, distante 170 quilômetros de Petrópolis. O fechamento da maternidade, para obras, daquele município da Região dos Lagos, foi o motivo de mulheres terem arriscado uma viagem em trabalho de parto.
Em 2017, dos mais de 13 mil atendimentos de moradores de outras cidades, cinco mil foram de Duque de Caxias, cerca de 39%. Outros 30% foram da cidade de Magé e a capital do estado aparece como a terceira cidade que mais tem registro de atendimentos na rede de Petrópolis, com 9%.
O Hospital Alcides Carneiro é um exemplo de unidade que deve ultrapassar, neste ano, o número de atendimentos de moradores de outras cidades. De janeiro a maio, o hospital já havia registrado 728 atendimentos, contra 1.087 de todo o ano passado.
Há todo o tipo de relato colecionado por atendentes e médicos, até mesmo a ‘compra’ de comprovantes de residência em Petrópolis e a indicação de outras cidades que anunciam estar conveniadas com a Saúde da Cidade Imperial e direcionam as pessoas a subirem a serra.
Na semana passada, em um dia de atendimento, na Sala Amarela, da UPA Centro, setor de atendimento de menor complexidade, dos 6 leitos existentes, 5 estavam ocupados por pacientes da Baixada.
“Hoje temos 210 mil petropolitanos dependentes do SUS, um número acrescido nos últimos anos de 44 mil pessoas que não têm mais plano de saúde. Temos o compromisso de oferecer a melhor assistência em Saúde possível e garantir que toda a população possa ter acesso a um atendimento de emergência adequado. Mas estes dados nos preocupam”, afirma o prefeito Bernardo Rossi acrescentando ainda que ‘se por um lado é um reconhecimento de que o trabalho desenvolvido no município é satisfatório, atraindo moradores de outras cidades, por outro acabamos tendo que atender uma demanda muito maior do que a esperada”, explica o prefeito Bernardo Rossi.
Pacientes relatam busca por melhor atendimento em Petrópolis
Outra unidade que apresenta números altos de atendimento de pessoas vindas de outros municípios é a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Centro, onde 11% dos registros são deste público. Por dia, 33 pessoas de outras cidades são atendidas na unidade.
De acordo com o diretor médico da Unidade, Diogo Macedo, é muito comum ouvir relatos de pacientes de outras cidades que recorrem ao município na hora de buscar atendimento médico de urgência. Em muitos casos, as pessoas admitem a falha do sistema de Saúde da própria cidade e reconhecem, em Petrópolis, um atendimento mais confiável.
“Já ouvimos histórias, inclusive, de pacientes que buscaram atendimento em Xerém, por exemplo, e os próprios funcionários do hospital procurado indicaram que a UPA de Petrópolis seria o melhor caminho para que eles conseguissem ser atendidos. Em muitas das vezes, são crianças, com quadro até grave. Já temos, até, relatos de que eles citam um convênio com a Secretaria de Saúde de Petrópolis, parceria esta que não existe”, comentou Diogo.
O pediatra disse que a unidade, com o compromisso de atender a todos, não exige comprovante de residência. O documento é solicitado apenas para o caso de necessidade de internação. Entretanto, no acolhimento de menor complexidade, em que o paciente aguarda em observação na Sala Amarela, a unidade chegou a registrar ocupação de 83% só de moradores de fora da cidade, na semana passada.
“Atendemos todos, sem exceção, independente da origem, mas caso seja necessária a internação, incluímos o paciente na regulação do Estado, que indica a unidade de Saúde que vai ficar responsável pelo tratamento especializado. É uma situação complexa. Muitas vezes temos mais pessoas de outras cidades em observação do que moradores de Petrópolis”, completou o diretor médico da UPA.