28/12/2022 12:22
Embora o abandono de animais seja crime, o número de indefesos soltos na rua aumenta cada dia mais em Petrópolis. Com o descaso cada vez maior, o trabalho dos protetores aumenta – alguns deles relatam, inclusive, que os abrigos estão superlotados.
É o caso da entidade filantrópica, Dog’s Heaven, que abriga cerca de 350 animais atualmente. Márcia Coelho, voluntária da ONG, conta que recentemente foram resgatados uma ninhada com oito filhotes no Castelo São Manoel, em Corrêas, dois cachorros com cinco meses abandonados numa estrada e uma grávida resgatada numa lixeira em Secretário. Casos como esses se repetem diariamente.
Para Márcia, a situação tem ficado desesperadora. Ela conta que foi feito um abaixo- assinado solicitando apoio popular por políticas públicas e ações urgentes para a causa animal em Petrópolis. “Já pedi uma hora com o prefeito, mas não tivemos retorno. Queríamos entregar o abaixo assinado e o estudo feito sobre proteção animal para ele.”, diz.
Pesquisa quantitativa sobre protetores de animais domésticos
De acordo com uma pesquisa feita com 58 protetores pela voluntária e apoiadora da Dog’s Heaven, Simone Amorim, há 984 cachorros e 624 gatos sob a guarda dos protetores dos animais. Do total de 1.608 animais (cães e gatos), 707 são castrados. Quando questionados se recebem algum apoio da Prefeitura de Petrópolis, todos responderam que não.
Por conta da falta de apoio do poder público, muitos protetores criam dívidas. A pesquisa mostra que 16 deles afirmaram ter conta de até R$ 5 mil; outros quatro possuem dívida entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.
Além disso, 40% dos protetores afirmaram que alimentam cerca de 344 gatos. Outros não souberam indicar um número preciso.
Urgência em políticas públicas sobre o tema
Políticas públicas sobre o tema são urgentes, como um levantamento feito por Simone retrata.
“Considerando que apenas um casal de cães (não castrados) tenha uma expectativa de vida de dez anos, somente esta dupla vai ser responsável por 12 filhotes por ano. Se cada filhote e sucessivas gerações também não forem castradas haverá em dez anos, cerca de 400 mil novos cães abandonados. Isso significa que os 707 animais castrados – dos 1608 citados na pesquisa – evitaram uma superpopulação de cães e gatos. Isto sem contar o trabalho de algumas ONGs e protetores que já estão há mais de 20 anos atuando na cidade.”
Por fim, a pesquisa ressalta a importância da educação e castração para que seja possível diminuir o número de animais abandonados e/ou que sofrem maus tratos. Além disso, o documento lembra da importância da informação nas escolas sobre os cuidados. Essa iniciativa ajudará na formação de crianças, jovens e adultos mais conscientes.
Deterioração do castramóvel
Em uma publicação no grupo de uma rede social, protetores se indignaram com o castramóvel da Prefeitura se deteriorando no pátio da vigilância sanitária. A publicação diz: “Nunca foi usado. Nosso dinheiro largado às traças e os animais se reproduzindo e sofrendo. Uma vergonha, Prefeitura.”
Em um repost, outra protetora cita: “Imaginem quantas castrações poderiam ter sido feitas se este castramóvel estivesse equipado e indo aos bairros de Petrópolis? Nosso dinheiro no lixo. Que dó! Uma equipe ótima que temos na Vigilância Sanitária e na COBEA sem instrumentos de trabalho.”
Questionado sobre as iniciativas tomadas em prol dos animais em Petrópolis neste ano, o Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Animais (COMUPA) respondeu, em nota, o seguinte: “Ao longo do ano, o Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Animais acompanhou as ações da Coordenadoria de Bem Estar Animal (Cobea), assim como aa ações de castração realizadas no município. O Comupa acredita que o controle de natalidade de cães e gatos precisa ser intensificado a fim de reduzir o abandono, o número de animais nas ruas assim como o sofrimento animal.”
Matéria atualizada às 17h para inclusão do posicionamento do COMUPA.