Família pede justiça em caso de bebê morto após parto
Na terça-feira, dia 19, uma jovem de 26 anos deu entrada no Hospital Alcides Carneiro, em Corrêas. O objetivo era a realização do sonho planejado pela família: dar à luz o seu primeiro filho, o menino tão esperado entre as diversas netas que a avó já tem. Mas a notícia recebida pelos acompanhantes na unidade médica não foi das melhores. Duas horas depois do início do parto, realizado às 14h30 de quinta-feira (20), a família foi informada do óbito do bebê.
Segundo parentes da vítima, que preferiram não se identificar, após a entrada no hospital, a equipe médica decidiu internar a jovem para que tivesse o parto normal. A espera durou dois dias, apesar da falta de passagem para o nascimento e do tamanho do bebê, que pesava mais de 4 kg. “Solicitamos uma cesária, pois ela não tinha condições de ter o filho por vias normais. Às 2h30 da manhã de quinta, a bolsa dela estourou e não tivemos sequer auxílio médico no quarto. Durante o dia, foram diversas tentativas de introduzir o parto normal com remédios que induziriam as contrações. Isso acabou machucando muito ela e, ainda assim, o que foi alcançado foram apenas quatro dedos de dilatação”, contaram.
Os familiares relatam ainda que, na sala de parto, utilizaram fórceps para retirar o bebê, o que pode ter ocasionado uma mancha roxa detectada na criança após a morte, embora a equipe médica tenha alegado que houve falta de oxigenação. “Quando ele foi retirado, ainda estava quente, foi colocado no peito dela e até chegaram a tentar reanimar, mas não dava mais tempo, ele já havia morrido. Chegaram a alegar pra gente que 50% pode ser negligência médica e 50% por falta de acompanhamento familiar. Mas nós acionamos auxílio durante todo o tempo e não fomos atendidos. Será que uma anestesia para a cesariana vale mais do que uma vida?”, questionam.
Ainda segundo os depoimentos, a mãe – que teve alta menos de 24 horas depois – está muito abalada e teve complicações pós-parto. A família diz que apresentou exames que comprovaram, junto à equipe médica, a necessidade de uma cesariana devido à diabete gestacional e hipotiroidismo da jovem. “Queremos justiça em relação a este caso. Sabemos que ela não será a primeira e nem a última a passar por esse tipo de situação na rede pública de saúde. É grande a demanda de mães que precisam ter seus filhos neste hospital e quem garante a qualidade nos serviços? A nossa população necessita de mais cuidado”, cobra a tia Daniela Freitas.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Rogério Lima, se posicionou dizendo que vai levar o caso nesta terça-feira (26) em uma reunião, para que uma comissão busque informações sobre o ocorrido junto à secretaria de saúde. Já a prefeitura, por meio de nota, informou que, ainda na quinta-feira, a partir da constatação do óbito, a direção do hospital abriu uma sindicância para apuração técnica rigorosa do ocorrido. A administração municipal informou ainda que a direção técnica e a a coordenação de atendimento da unidade estão em contato permanente com a família e, caso seja constatada negligência médica, o responsável será punido pelo hospital e pelos órgãos competentes.