• Felicidade de vida ou devida

  • 21/06/2018 11:20

    Com frequência ouvimos frases otimistas, no princípio de que “Deus criou o mundo para sermos felizes”, frase que se tornou interrogativa com o tempo, chegando à conclusão, diante da espiritualidade, ser a frase perfeita mas incompleta, se Ele preconizou a felicidade dentro dos recursos de cada um. Assim, com a humildade Dele não poderia ter visão diferente. E é o que não ocorre com as pessoas que julgam que, para serem felizes, precisam de coisas que não podem alcançar – e aí começa o perigo de cada um. 

    Mas aí vem outra citação de que “devemos viver o presente e olhar para o futuro, pois o passado é passado”.– Será? Não! Para vivermos o presente inconseqüente e olhar para o futuro duvidoso, pode-se optar em se debruçar no parapeito da existência, lembrar de um tempo tão maravilhoso para se viver, que só pode ser descrito e sentido por quem viveu em qualquer cidade, com toda simplicidade da época, com cadeiras, à noite, nas calçadas, para receber o frescor do sereno e depois ir dormir de janela aberta, para aliviar a temperatura, já que poucos tinham o luxo de um ventilador. E as janelas eram sem grades, em beira de rua, mas dormia-se tranquilo, o que para os jovens de hoje até parece utopia.

    E o trovador Adelmar Tavares (1888-1963) escreveu: – “Onde anda o corpo da gente, / a sombra vai pelo chão… / É assim também a saudade / a sombra do coração”. E eu escrevi, com grande saudade – REALEJO :

    “Gosto de recordar o meu passado,/ gosto assim de sentir minhas saudades,/ de sentir nostalgia das verdades; / lembrar daquele tempo irrefutado.

    O mistério da infância retratado; / inocentes castelos sem maldades; / sonhos da juventude; afinidades / nas juras de um amor incontestado.

    Ver os que moram noutra dimensão, / de todas intempéries, de lampejo, / do que se perdeu sem motivação.

    E quem se furtaria do desejo / ou negaria ter essa emoção,/ ouvindo o som de um velho  realejo?

    Talvez os mais jovens não consigam entender a saudade que sentimos ao chegar quase no fim da estrada – é que vivemos numa época saudável e tranqüila; com todas as dificuldades e tropeços e concluímos que éramos felizes e não sabíamos. Não se tinha as grandes facilidades de hoje mas tínhamos uma vida mais saudável e tranqüila, com segurança. Era como o título de um velho filme musical – “Aquilo sim era vida”, da minha saudosa infância, mesmo com tantos percalços.

    jrobertogullino@gmail.com

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