• Convertei – vos e preparai o Caminho do Senhor

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  • 04/12/2022 08:00
    Por Mons. José Maria

    O Advento é, por excelência, o tempo da esperança, o tempo de preparação para receber o Salvador. É tempo de conversão! Nele, procuramos despertar nossos corações a fim de que, enquanto nos preparamos para celebrar o fato do Natal do Senhor, reacendamos a expectativa de sua vinda gloriosa no final dos tempos. Daí o convite de João Batista a todos: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.” (Mt 3,2). O tempo é agora: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” (Mt 3,3). O Senhor veio no passado, vem no presente e virá no futuro. Ele abraça todas as dimensões do tempo. A esperança verdadeira e segura, certa e confiável está fundamentada na fé. Sem esperança, não há nada depois da morte, ou nada que valha a pena. Quando falta Deus, falta esperança e tudo perde sua consistência, seu significado. Há uma meta: o encontro definitivo com o Senhor. Procuremos preparar o coração para acolher o Salvador que virá para nos mostrar a sua misericórdia.

    Preparai um caminho ao Senhor: trata-se da pregação evangélica e de uma nova consolação, com o desejo de que a salvação de Deus chegue ao conhecimento de todos os homens.

    João Batista prega a conversão. Esta significa colocar os passos nos passos de Jesus. E isto é um aspecto que caracteriza a vida cristã inteira. Quando acontece erro, um extravio, cumpre reconhecer o erro, dispondo-se a receber o dom de Deus, que perdoa sempre, que é infinitamente misericordioso e oferece a cura espiritual no Sacramento da Confissão.

    Converter-se é renascer continuamente para a vida ressuscitada com Cristo. A existência do cristão deve ser uma conversão contínua. Não é somente purificar-se do estado de pecado, mas também progredir sempre. Ensina São Paulo: “Nós vos pedimos e exortamos, no Senhor Jesus, que progridais no modo de proceder para agradar a Deus. Continuai progredindo cada vez mais” (1Ts 4,1). O cristão convertido sabe que é um peregrino, como ser que vive debaixo da tenda em condição provisória, como pessoa que jaz sob a lei fundamental de uma mudança sempre mais profunda em busca de santificação pessoal.

    João foi chamado o Profeta do Altíssimo porque sua a missão foi ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos, ensinando a ciência da Salvação a seu povo. João não desempenhará essa missão à procura de uma realização pessoal, mas concentrando-se em preparar para o Senhor um povo perfeito. Não se dedicará a ela por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso. E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.

    Foram muitos os que conheceram Jesus graças ao trabalho apostólico do Batista. Os primeiros discípulos seguiram Jesus por indicação expressa dele e muitos outros se preparam interiormente para segui-Lo graças à sua pregação.

    Diz João: “Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,3). Ele não é mais do que a voz, a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O importante da nossa vida é Jesus.

    João Batista indica-nos também o caminho que devemos seguir. Na ação apostólica pessoal – enquanto preparamos os nossos amigos para que encontrem o Senhor –, devemos procurar não ser o centro. O importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. Uma preocupação de singularidade, a ânsia de sermos protagonistas, não deixaria lugar para Jesus. Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.

    Hoje, nós não podemos esquecer que somos testemunhas de Cristo. Nós somos testemunhas, mas que tipo de testemunhas? Como é o nosso testemunho cristão entre os nossos colegas, na família? Tem força suficiente para persuadir os que ainda não creem em Jesus, os que não o amam, os que têm uma ideia falsa a seu respeito? São perguntas que poderiam ajudar-nos a viver este Advento, um tempo a que não pode faltar a dimensão apostólica.

    Temos que dar testemunho e, ao mesmo tempo, apontar aos outros o caminho. Diz São Josemaria Escrivá: “Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunhas de Cristo implica, antes de mais nada, procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para que a nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Temos que conduzir-nos de tal maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é cristão, porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama” (É Cristo que passa, nº 122).

    O mundo não se abriu nem converteu ainda ao Evangelho. Por isso, soa ainda hoje, e mais atual do que nunca, a voz de João Batista que ecoa no Advento: “Arrependei-vos…” (Mt3,2).

    Olhemos em direção ao Menino Deus que está para chegar! Hoje o mundo, muitas vezes, olha em outra direção, donde não virá ninguém. Muitos se acham debruçados sobre os bens materiais como se fossem o seu fim último; mas com eles jamais satisfarão seu coração. Temos que apontar-lhes o caminho. A todos.

    Não é possível acolher “Aquele que vem “se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preocupação com os bens materiais. Não bastam aparências, apenas de que somos cristãos porque recebemos o Batismo. A conversão deve ser comprovada pela ação.

    Quais os caminhos tortos que devemos endireitar? Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós, neste Advento, em preparação ao Natal?

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