A voçoroca
Desde o final de 88, Petrópolis conheceu sete mandatos de prefeitos e contou com a “preciosa” contribuição de mais de uma centena de vereadores. Lembremos os prefeitos: Gratacós, Fadel, Leandro, Rubens 1, Rubens 2, Mustrangi e Rubens 03. Estamos na 8ª etapa, esta de Rossi.
Petrópolis atravessou estes 29 anos crescendo como rabo de cavalo, para baixo sem cessar. Vejo como principal responsável pelo acontecido o mau sistema político imposto pelos partidos em seu próprio benefício na Constituição: queriam a “hegemonia partidária”. Todas as decisões são em função dos caprichos na Neo Nobreza Republicana Partidária, esta que se atribuiu todos os privilégios dos fidalgos do Império e outros mais, só descartando os códigos de honra. Nossos partidos usam ser horrorosos, mas toda a Administração Pública dança sob a sua batuta; os Municípios, que são o nosso foco, se regem por acintosos planos de governo quadrienais empurrados goela abaixo do povo; escanteiam o insuficiente planejamento participativo já votado e qualquer veleidade de reflexão a longo prazo que o povo local possa ter ousado desenhar para si mesmo. Cale-se o povo para que mais um planinho de governo seja pendurado no varal das inutilidades a cada quadriênio. E ficamos nós a ir para cá e para lá para não chegarmos a lugar nenhum. O povo é a coroa de louros dos eleitos, o cortejo de vencidos amarrados por quatro anos atrás da biga no Triunfo dos vitoriosos. Já tivemos o tempo de participação, o era bom viver aqui, a cidade sustentável, um monte de cometas a riscar o céu antes de sumir para sempre.
As consequências da hegemonia partidária nunca são informadas nem cobradas quando das transições, apesar da LOM pintada na parede. Passam-se meses antes que o novo prefeito venha a público chamar de herança maldita o que aceitou pagar caro para conseguir. Desta feita, foi em abril 2017 que o alcaide informou o tamanho do legado: mais de 766 milhões em dívidas, 12.000 inscritos nas Folhas, 700 milhões mais do RPPS em 2025, uma mega-estrutura digna da Islândia. Mas nada assusta, pois o pepino será empurrado para outro, intacto se não agravado.
No dia 2 de março de 1989, a Secretaria de Administração de Paulo Gratacós fez publicar o resultado do Censo dos efetivos; não esqueci pois fui eu a assiná-lo (obrigado, Dª Myriam, grato, Sr. Walter e todos mais). Éramos 5.556; desde então, “crescemos” 115,98% e chegamos a 12.000 funcionários (informação do Prefeito em entrevista de fevereiro de 2017). A população municipal passou de 256.673 em 91 (informação mais próxima de 89 a meu dispor) para 298.235 (2017), um aumento de 16,1%. Se a população cresce 16% e os efetivos 116%, criamos uma prefeitura-estepe, batemos pinos, vamos implodir muito em breve.
Os partidos em geral, os nossos dois poderes e os órgãos fiscalizadores nada enxergam. Petrópolis que se vire sem eles.
Tomara que o povo (servidores inclusos) tope chamar a si o problema, antes que os partidos acabem de chupar a laranja e deitem fora o bagaço do que foi Petrópolis.
Se era por falta de alerta, ei-lo aqui. Podemos fazer de conta que o Pê XYZ vai resolver a encrenca para nós um dia ou irmos à luta.