• Cinema de antigamente

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  • 19/06/2018 12:07

    Li, com certa nostalgia, a reportagem sobre o período áureo do Cine Petrópolis, mas talvez fosse interessante procurar pessoa mais antigas, acima de 85 anos para depor sobre sua beleza antes da reforma que tudo destruiu. Lá (ou foi no Capitólio?) assisti o clássico “Mágico de Oz”. “O Picolino”; “Bandeirantes do Norte”; “Ao rufar dos tambores”, e muitos outros, que marcaram minha infância. Porque parece que já nasci velho por ser muito saudosista, tanto, que nasci já com saudades do passado que não vivi, já que frequentava cinema desde cedo com meu avô – quando não havia censura e acostumei com filmes de cowboy , terror e gangster – e a época de ´20, com as moças melindrosas, os moços de polainas e bengala e a música animada do charleston. Naquela época, havia um lado positivo – as programações eram com um documentário, depois uma desenho ou um short – um curta sempre com música clássica nas orquestras sinfônicas, no piano de A. Rubinstein, no violino de Jascha Heitetz ou nas vozes de Erna Sack e Rise Stevens. Em oposição, as big-bands de Dorsey, Goodman ou H. James com seu novo “crooner” Sinatra quando me apaixonei pela agilidade Astaire e RogerS  além do sapateado de Eleanor Powell e Ray Bolger. Me deliciava com os anos 20 e 30, que me traziam conhecimento nas áreas musicais.

    Por força das circunstâncias nossa distração era o cinema, com seriados em 13 capítulos sempre nas matinés das quintas-feiras e que se assistia com sofreguidão. Não lembro se aqui em Petrópolis havia este hábito, mas lembro que passavam seriados nos cines Santa Cecília e Glorinha. No Rio, cheguei a pegar, ainda, filmes mudos com acompanhamento de piano. Minha infância foi no tempo dos clássicos de desenhos de Disney, muito antes dos divertidos Tom & Jerry – aí já ia para levar os filhos e assistia de carona.

    Hoje nada mais existe – nem Disney nem Tom & Jerry – só desenhos animados de total falta de imaginação e alguns são até apavorantes de tão mal feitos e sem essência, como aqueles que se assiste na TV a título de propaganda, sem graça com total ausência de qualidade da bela arte do desenho. As crianças de hoje só têm para assistir o grotesco, por ausência de capacidade artística dos profissionais, apesar de se julgarem o máximo. 

    Pobre geração que só tem espelhos manchados e rachados para se mirarem e, mesmo assim, os consideram “bonitos” e ficam alegres com o que veem – swó por falta de opção. Ah! Como os antigos eram cuidadosos, criativos e perfeitos em tudo que faziam, sem apelação – era o capricho de cada um – perfeitos artistas em todos os sentidos.

    jrobertogullino@gmail.com






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