• Ensarilhando ideias

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  • 14/06/2018 12:40

    A vaidade é, por certo, uma reação inerente ao ser humano mas que, na maioria das vezes, se transforma em falha de conduta, talvez pelo excesso de luz emanada dos holofotes. A vaidade é que lustra o ego de cada um, mesmo sem merecimento, afastando-se da humildade franciscana.

    Mas todos querem aparecer, precisam, para se sentirem confortados, mesmo  dentro de uma ilusão  fantasiosa. E é aí que entra a suposta “opinião pública” que, nada mais é que um eco da eterna mídia tendenciosa. E é ela que comanda as massas e que vai para onde ela quer sempre em função de lucros pré-estabelecidos pela armação ilimitada. Quando a estrela não se projeta, quando não traz os lucros desejados, os holofotes se apagam e cada um cai no eterno ostracismo. Mas em grande parte das vezes a luz brilha favorável e aí é a tragédia dos medíocres que se ufanam e servem de exemplo capenga para convencer os incautos.

    E a famosa “criatividade” de muitos é quando surge a bactéria mortal que se transforma num vírus contagiante e destrói a mente de muitos. Veja-se somente o segmento da propaganda na mídia, se é para divulgação do produto – e o que se vê? Somente falta de imaginação, transformando cada anúncio numa novela cansativa sem objetividade. Na época do rádio eram mais objetivos. Tinha o sabonete Lever (hoje Lux), “O sabonete preferido por nove entre dez estrelas” . Já o outro dizia “É sempre um prazer renovado usar Eucalol”, enquanto nas embalagens vinham as disputadas estampas instrutivas, cujo jargão marcava, como marcou mais recente – “vem pra Caixa você também” ou outro, com o homem fazendo tricô e “de repente, você fez um pé de meia”. Num livro de Roberto Dualibi, entre tantas bem arquitetadas, uma dizia – “Beije sua mulher onde nunca foi beijada – nas Cataratas do Iguaçu”.  Propaganda tem que ser assim, incisiva como o verso de Raul de Leoni: “O vício é a doença do prazer.” 

    Mas devo estar chovendo no molhado se hoje estuda-se para aprender o “métier” mas só fazem coisas cansativas e sem imaginação, como o do Ministério da Saúde, sobre doação de órgãos, dirigido aos adultos mas com desenhos infantis, cansativos e desprovidos de graça. – Fazer o que? Só resta aturar como tudo o mais. Por isto sempre digo que os antigos eram muito mais criativos. E falando em propaganda, temos que nos curvar para o insuperável Washington Olivetto que, em recente entrevista, disse nunca ter feito propaganda mentirosa – somente de produtos que confiava na qualidade e o repórter questionou: “É por isto que você nunca fez propaganda de políticos”? jrobertogullino@gmail.com


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