• Ministros do STF são hostilizados por manifestantes bolsonaristas em NY

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  • 14/11/2022 10:00
    Por Aline Bronzati, correspondente / Estadão

    Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram hostilizados na noite desse domingo (13), por manifestantes bolsonaristas em Nova York, nos Estados Unidos, onde estão para participar de uma conferência organizada pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais – entre esta segunda-feira (14) e terça-feira (15). Vídeos que circularam nas redes sociais mostram diferentes momentos em que os magistrados são ofendidos e xingados na porta do hotel em que estão hospedados e ainda ao circularem pela cidade.

    Em um deles, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, tem de ser escoltado ao deixar um restaurante. Neste momento, manifestantes o acusam de “estar roubando o Brasil” e o chamam de “vagabundo, “ladrão”, “Xandão”, dentre outros nomes.

    Mais cedo, imagens mostram ainda manifestantes, vestidos de verde e amarelo, muitos envoltos na bandeira do Brasil, na porta do hotel em que os ministros estão hospedados, segurando cartazes com o escrito “SOS Forças Armadas” e aos gritos de “ei, Xandão, seu lugar é na prisão”.

    Segundo informações passadas pela assessoria de imprensa do Lide ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), “havia cerca de 50 pessoas na porta do hotel, cantando o hino”.

    Outro vídeo, também na porta do hotel, exibe o momento em que o ministro Gilmar Mendes deixa o local enquanto pessoas gritam “vagabundo”, “seu mer@#”, “o que é seu está guardado, seu bandido”.

    Já o ministro Luís Roberto Barroso foi abordado por uma mulher na Times Square, uma das avenidas mais importantes de Nova York, conforme imagens que circulam nas redes sociais.

    Ela diz: “Olha só quem está aqui. Como é que está o senhor juiz?” Barroso responde: “Muito bem senhora, muito feliz pelo Brasil.” A senhora devolve, em grau de ameaça: “Ah, ‘tá’ bom, mas nós vamos ganhar essa luta, hein, nós vamos ganhar essa luta, o senhor está entendendo? Cuidado, hein! O povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte.” O ministro responde “com a Graça de Deus”, entra em uma loja e pede “minha senhora, não seja grosseira, tchau, minha senhora, passar bem”, enquanto ela retruca: “Foge, foge.”

    Questionada sobre os episódios, a assessoria de imprensa do Lide, presidido pelo ex-governador de São Paulo, João Doria, afirmou que a segurança foi reforçada e a polícia de Nova York acionada. “A segurança pessoal dos ministros e de todos que estavam no evento estava garantida. Tínhamos seguranças do hotel, particulares e a polícia da cidade”, disse a assessoria do evento, ao Broadcast.

    Em um dos vídeos, é possível ver manifestantes avançando para a porta principal de entrada do hotel, o que indica a falta de segurança necessária diante da quantidade de manifestantes no local. Sobre o baixo nível de segurança dos ministros, a assessoria negou e afirmou que “isso é prioridade”. Não informou, porém, o contingente de seguranças disponibilizado no domingo, o momento do reforço e qual será a estratégia para esta segunda-feira, primeiro dia do evento.

    Manifestações se tornaram comuns em meio a presença de autoridades brasileiras em Nova York. Na última visita do presidente da Republica, Jair Bolsonaro, à cidade, em setembro, quando foi discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), o policiamento também teve de ser reforçado em meio a confusões com apoiadores e manifestantes contrários.

    Durante as eleições, foram vistas várias cenas de bate-boca entre eleitores que apoiavam Bolsonaro e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No primeiro turno, organizações de esquerda denunciaram aos órgãos responsáveis episódios de agressão verbal, casos de boca de urna e outros problemas durante a votação em diversos locais nos EUA.

    Em Nova York, o problema só foi solucionado no segundo turno, quando a Embaixada do Brasil na cidade isolou o entorno do local de votação, proibindo a circulação de carros, e cercou as filas de grades de contenção, o que organizou melhor o público e conteve as manifestações.

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