Vila Madalena é palco de festival que vai misturar literatura e música
Foram 14 edições da Balada Literária antes do começo da pandemia, em 2020. Catorze anos de encontros, de festa, de momentos históricos como o dia em que o recluso Raduan Nassar aceitou sentar-se à mesa do evento que o homenageava. Não disse nada. Mas estava lá. Quando Marcelino Freire entendeu, no ano passado, que a situação da pandemia estava melhor e que a Balada Literária voltaria a ser realizada presencialmente, ele escolheu homenagear o samba – e não uma pessoa, como sempre foi.
“Nada melhor do que o samba para juntar as pessoas. Queríamos um abraço coletivo e o samba é isso: é abraço, é coletividade”, diz o idealizador da festa que vai celebrar os 80 anos de Nei Lopes, de Paulinho da Viola e de Benito de Paula e também Dona Ivone Lara (1921-1989), cujo centenário foi festejado ano passado.
“E tudo isso culmina com este momento do Brasil. Vamos celebrar a volta do sonho e a afirmação da arte, da cultura, do livro. O samba vai aglutinar tudo”, comenta Marcelino, que convidou a cantora Fabiana Cozza para fazer a curadoria ao seu lado.
Houve um show de abertura na quinta, 10, com mulheres sambistas, e um aquecimento ontem – que segue neste sábado, 12, com dois eventos no Espaço Plínio Marcos, na Feira Benedito Calixto. Às 15h, haverá uma homenagem ao poeta Miró da Muribeca, morto em julho, e, às 16h, uma edição especial do Mulheria – Morgana Kretzmann conversa com Eveline Sin, Uma Luiza Pessoa, Taciana Barros e Tata Fernandes.
A Balada Literária começa pra valer no domingo, 13, e segue até a terça, 15, em espaços como a Casa de Cultura Os Capoeira, a Escola de Choro de São Paulo e o Ó do Borogodó – todos na Vila Madalena, a poucos metros uns dos outros. Para a maioria dos eventos, a entrada é gratuita. Alguns shows terão ingressos a preço popular.
Entre os convidados este ano estão Ignácio de Loyola Brandão, Tom Farias, Ferréz, Henrique Rodrigues, Binho, Eduardo Gudin, Semayat Oliveira e Luz Ribeiro.
Luz, que é poeta e slammer, vai protagonizar um dos momentos mais especiais da Balada. Amanhã, 13, às 19h, ela faz uma releitura do disco Quarto de Despejo, que Carolina Maria de Jesus gravou em 1961 com seus sambas e composições. Dani Nega deu novas roupagens às músicas e, no palco do Ó do Borogodó, Luz fará uma costura poética com seus comentários sobre o livro homônimo.
“Carolina é uma das maiores escritoras brasileiras. Ela plantou a esperança de poder sonhar e mostrou que é possível ser poeta no Brasil – que é possível ser poeta apesar do racismo. E que é possível ser quem se é”, diz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.