Tribuninha: o caderno que formou e conquistou diversas gerações de pequenos leitores em Petrópolis
Nostalgia, impermanência, mudanças e novos sonhos
Quem é petropolitano e viveu a infância na cidade, sentiu na pele o que era esperar ansiosamente pela compra da Tribuna de Petrópolis aos domingos. O responsável por esse sentimento? Fernando Marques, o desenhista que deu vida aos personagens Tatá, Batata/Betão, Dúnia e muitos outros.
Fernando conta que as tirinhas surgiram a partir da ideia de um colega de classe, em 1977. Na ocasião, ele sugeriu que o amigo criasse personagens inspirados na turma de classe, satirizando as aulas. No entanto, com o passar dos anos e o vai e vem dos alunos, segundo ele, a coisa acabou perdendo a graça.
Em 1980, Fernando começou a desenhar o Betão (antigo Batata, apelido de Fernando na escola), acompanhado de Víque – seu grande amigo, João Vichi Junior.
Depois de alguns anos e publicações em outros locais, surgiu a oportunidade de publicar as tirinhas do Betão & Cia na Tribuna de Petrópolis. Foi assim que nasceu a Tribuninha, o nostálgico caderno do jornal – publicado sempre aos domingos. Algum tempo depois nasceram, nessa ordem, os personagens de Guto, um grande amigo; Lela, esposa de Fernando na época; e Lucky, seu filho.
Com os afazeres dos outros desenhistas, Fernando acabou tocando a produção do suplemento. “Os afazeres impediam que os outros colegas continuassem me ajudando, mas eles permaneceram enviando suas tiras. Menos o Víque, que não desenhava, mas ajudava com os textos.”, conta.
Orgulho para Petrópolis
Em 1994, Fernando produziu e publicou sua primeira revista em quadrinhos do Betão. “O Segredo do Museu Imperial”, com 50 páginas, inspirado no livro de Stella Carr, escritora paulista. A revista foi lançada na Bienal do Livro e, depois, em Petrópolis.No ano seguinte, o personagem Betão ganhou espaço em uma outra revista, “A história de Petrópolis em quadrinhos.”
Inalterados até 2002, os personagens de Betão e sua turma foram sendo atualizados aos poucos. Um verdadeiro sucesso na Tribuna de Petrópolis, o caderno ganhou até festas de aniversários, inclusive, com algumas publicações no formato de almanaque, papéis de carta, marcadores, livros e revistas de passatempos.
Em 2013, a Tribuninha passou a ter meia página do jornal e assim permaneceu até 2020. Ano em que o jornal impresso foi extinto e uma nova etapa, voltada para o digital, teve início.
Quem se lembra da Turma da Gatinha Tatá?
O tempo não para
Mesmo com o fim do jornal impresso, Fernando permaneceu desenhando e contando a história dos personagens que criou lá atrás. “Eles são minha vida. Eu crio o mundo deles e eles são o meu mundo. Espero sempre poder, de alguma forma, mostrar através das redes sociais ou seja lá onde for que um personagem e suas histórias não nascem da noite para o dia. Elas são construídas com o tempo, e o tempo não para!”, conta.
Pois é, o tempo não parou nem para a Tribuna de Petrópolis nem para Fernando. Ambos se reinventaram. Neste domingo de celebração aos 120 anos do jornal, a turma do Betão está de volta – sempre aos domingos, em um novo formato, agora nas redes sociais da Tribuna. Bateu a nostalgia? Aproveite para se divertir, relembrar os velhos tempos e viver novos sonhos com Fernando Marques e a Tribuninha!