• Guga prevê sucesso da nova geração do tênis brasileiro: ‘Momento é promissor’

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  • 04/10/2022 14:28
    Por Felipe Rosa Mendes / Estadão

    Maior referência do tênis brasileiro, Gustavo Kuerten está otimista quanto ao futuro da modalidade no País. O catarinense avalia que o momento atual é “promissor” e que a nova geração já conta com bons candidatos a dar o “pulo do gato” nos próximos anos. Para o tricampeão de Roland Garros, o eventual sucesso dos garotos e garotas do tênis nacional será consequência natural dos bons resultados obtidos pela geração atual, encabeçada no momento por Beatriz Haddad Maia.

    “A Bia hoje é a grande detentora da bandeira do nosso tênis”, diz Guga ao Estadão, ao mencionar a tenista que acompanha desde os primeiros passos em quadra. A atual número 15 do mundo, melhor colocação da história de uma tenista brasileiro no ranking de simples, iniciou sua carreira com Larri Passos, ex-treinador do próprio Guga.

    Para o ex-número 1 do mundo, Bia está abrindo caminho para novas tenistas brasileiras. “Ela é o exemplo para o tênis feminino, é quem está trazendo as meninas para dentro da quadra. O esporte ainda é um ambiente mais masculino e essa inspiração que ela causa aproxima as meninas. E isso facilita ser profissional? Teremos muitas meninas jogando agora? Isso vai depender de inúmeros fatores. Mas é uma contribuição importante.”

    Guga cita sua própria trajetória. “Nós vimos isso acontecer em 1997”, afirma, lembrando seu primeiro título em Roland Garros. “Na época em que fui número 1 do mundo, veio o André Sá, o Flávio Saretta, o Ricardo Mello. Teve um momento em que tínhamos quatro brasileiros jogando Grand Slam ao mesmo tempo.”

    A rápida evolução de Bia nesta temporada não surpreende o catarinense. “A gente sabia que ela iria vingar. Mas aí ela se machucava. Ficava me perguntando: ‘quando ela vai acontecer?’. Eu sempre dizia que ela precisaria jogar uns dois ou três anos seguidos sem ter nenhum tipo de intervenção para virar Top 30 do mundo.”

    Guga vê a compatriota entre as dez melhores do mundo nas próximas temporadas. “Terminando entre as 20 melhores, se estabilizando em dois ou três anos, vai acontecer naturalmente de chegar entre as 10. Tem capacidade para isso. É uma questão de amadurecimento, dentro de um nível que já é extraordinário. Chegar tão longe assim é muito difícil”, valoriza.

    O ex-tenista espera que a ascensão de Bia seja melhor aproveitada pelo tênis brasileiro do que foi sua própria trajetória no topo. “Essa conquista tem de ser bem aproveitada, extrair o máximo da motivação para trazer as meninas para dentro do esporte. No meu caso, o passo seguinte da renovação precisava ter sido mais eficiente.”

    Monteiro, número 1 do Brasil e 63º do ranking, também é inspiração, do lado masculino. “Para um garoto de 16 anos, é importante ter alguém como o Thiago entre os 60 do mundo, um outro em 120º ou 150º. Os passos seguintes se tornam mais visíveis, mais palpáveis. O cenário está bacana. Acredito que daqui a uns cinco aninhos a gente tenha boas respostas.”

    Um dos motores desta “engrenagem”, como explica Guga, é o retorno de torneios no Brasil, que ficou carente de competições de nível ITF e ATP nos últimos 10 anos. “Esses torneios que estão sendo feitos na América do Sul contribuem muito. Trazem os argentinos todos que são 120, 150 do mundo. Para a garotada, é importante estar mais perto dos torneios, se acostumar com essa vivência.”

    O próximo desafio, na avaliação do ex-atleta, é colocar um número maior de tenistas brasileiros dentro do Top 100 e Top 200 dos rankings masculino e feminino. “Ainda não existe no horizonte essa capacidade de colocar três, quatro ou cinco no Top 100. Mas podemos fazer uma segunda geração maior a partir de agora. E depois a coisa vem de arrasto porque um chama o outro”, projeta.

    LONGE DAS QUADRAS

    “Minha vida está bem mais agradável, estou conseguindo surfar durante muito mais tempo do que eu podia. Já fico na água umas duas horinhas. Antigamente eu surfava três ondas e já tinha que sair da água. Saía meio mancando”, conta o ex-tenista, que precisou encerrar a carreira de forma precoce por conta de um problema no quadril.

    Seu segredo para surfar mais é uma faixa que usa na altura da coxa direita para melhorar a estabilidade. Mas ainda não é o suficiente para voltar para um jogo em quadra. “O tênis ainda é um passo distante porque o impacto no dia a dia é doloroso e custa caro. Hoje tenho uma rotina melhor, durmo bem. Antes ia dormir com dor, acordava durante a noite. Agora estou com outra vida, eu diria. A batalha é incansável na fisioterapia, todo dia.”

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