Brasil paralelo: fatos (e números) contra narrativas
Fui a São Paulo, no dia 8 de setembro corrente, para o lançamento do meu livro “História da Autoestima Nacional”. Aproveitei a oportunidade para visitar a sede do Brasil Paralelo na Av. Paulista. Confesso que fiquei profundamente impressionado com o grau de profissionalismo e compromisso com a verdade histórica bem fundamentada de nosso passado. A versão caricatural corrente se apoia em narrativas sem maior aderência aos fatos. Os valores de hoje são projetados sobre o passado, erro primário que um historiador não pode cometer. E que se soma ao esquecimento da história comparada como régua de medida para aferir nossa posição relativa aos demais países em cada época.
Mas não foi só isso. As instalações high-tech atuais ocupam um andar e meio do Edifício Eluma, onde trabalham 250 pessoas. Outro andar inteiro foi alugado para receber mais 100 colaboradores, o que revela o crescimento acelerado que vem ocorrendo, revelador da fome por informações fidedignas que nos vêm sendo sonegadas, há muito tempo, num triste trabalho de demolição da autoestima nacional.
Os indícios desse processo devastador podem ser elencados. O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, pegou fogo. Foi o resultado de uma tragédia programada tamanho o descaso pelo mau estado de conservação do prédio. E nada foi apurado! As notas deixaram de ter as fotos das grandes figuras de nossa História. Foram substituídas por animais e pela cara da república em que é visível seu semblante de estomago embrulhado diante do triste espetáculo de um regime político que perdeu o rumo.
Ainda me lembro do Ton Martins relatando o que o que ocorrera com sua filha. Antes da entrevista que lhe dei, “Quando o Brasil perdeu o rumo da História” (mais de 23 mil visualizações), ele me disse que sua filha lhe perguntou se podia mentir para tirar boa nota na prova de História. Diante do espanto do pai, ela explicou que seu professor apresentou uma versão de um fato de nossa história visivelmente distorcido. Como tinha acesso à informação correta, ela sabia que não era aquilo que o professor havia dito.
Em Petrópolis, diante da catedral, após a missa celebrada pelo bicentenário da independência, eu me deparei com uma barraca de um senhor que vendia notas antigas. Aquelas que tinham grandes vultos de nossa História como Dom Pedro I, Dom Pedro II, Princesa Isabel, Barão do Rio Branco, dentre outras personalidades. Fiz alguns comentários sobre as notas atuais com animais e a cara indigesta da república. Junto a mim, estavam uma senhora, marido e filha. Ela elogiou o trabalho do Brasil Paralelo sobre nossa real história, catucando a filha, que comentou que seu professor dizia em aula o oposto do que ela sabia ser a verdade. Bis do parágrafo anterior.
Os dois episódios, distantes entre si por cerca de quase uma década, confirmam que as distorções narradas em sala de aula continuam na (des)ordem do dia. Não só isso, tomadas feitas pelo Brasil Paralelo em salas de aula de ensino médio, nos mostram professores ridicularizando episódios históricos cujo efeito deletério sobre a autoestima de seus alunos é evidente. Um verdadeiro espetáculo de desconstrução da História nacional.
Revoltados com esse estado de coisas de demolição dos valores que moldaram a nacionalidade brasileira, jovens de Porta Alegre fundaram, em 2016, a hoje BRASIL PARALELO ENTRETENIMENTO E EDUCAÇÃO S/A, com sede em São Paulo. Indignação que se transformou em ação concreta. Influenciadores competentes, com conhecimento das reais causas, mas que não tinham espaço na grande mídia, começaram a se mexer para dar às pessoas conhecimento das narrativas sectaristas que levaram à situação de país perdido que nos desagrega hoje.
Renato Dias, de Relações Institucionais, gentilmente, me ciceroneou pelas diversas salas e ambientes do Brasil Paralelo que refletiam o espírito reinante de organização, comprometimento e visão de futuro predominantes.
O Brasil Paralelo (BP) é sustentado por seus membros assinantes, que já passaram dos 350 mil. Esta é sua base de sustentação. Não depende de financiadores que eventualmente poderiam ditar os rumos da instituição. No seu site, somos informados do seguinte: “Somos uma empresa de entreteni-mento e educação. Somos orientados pela busca da verdade histórica, ancorada na verdade dos fatos, e sem qualquer tipo de ideologização na produção de conteúdo.” Na visita, comentei que, se tiverem rabo preso, certamente é com o Brasil e o interesse público.
A característica marcante do BP é nos trazer fatos que foram apagados de nossa história em detrimento de nossa autoestima. Exemplos: poucos brasileiros sabem que Dom João VI trouxe com ele 200 milhões de cruzados, quase metade do meio circulante português na época, e só levou de volta 50. Ou que Dom Pedro II se recusou a reajustar a dotação da Coroa no orçamento do Império durante 50 anos. Saiu de 5 para meio porcento. Já o Mal. Deodoro da Fonseca, no dia seguinte à proclamação da dita república, estabeleceu seu salário em 120 contos de réis. Dom Pedro II recebia 67!
Nessa linha de bem informar, o BP tem sempre essa preocupação de buscar números e fatos. A propósito, recentemente, eu mesmo me surpreendi com a informação fidedigna recebida de um amigo de que a monarquia inglesa custa 1,2 dólar por ano para cada inglês(a). Seria, para nós, o preço de uma média com pão na chapa por ano! Me surpreendi mais ainda ao saber que o orçamento anual da monarquia inglesa é de 37 milhões de libras. E que os imóveis da Rainha são administrados pelo governo, e geram um lucro para o País de 187 milhões por ano, mais de 5 vezes maior que as custas.
A conclusão é que que a pompa da monarquia inglesa dá lucro e não pesa no bolso do contribuinte. Nosso Dom Pedro II nos custou bem menos do que a república desde seus primórdios. Hoje, nem se fala! Hora de repensar o regime político que nos enfiaram goela abaixo sem participação popular alguma.
(*)Nota: Link para vídeo meu, “A Confiança a ser reconquistada”, gravado no programa DOIS MINUTOS COM GASTÃO REIS, que continua atualíssimo: