Irã bloqueia redes sociais em meio a protestos por repressão a mulheres
Autoridades do Irã bloquearam ontem o acesso aos aplicativos Instagram e WhatsApp. A medida foi tomada no sexto dia de protestos contra o uso obrigatório do véu islâmico e a repressão às mulheres no país. De acordo com o governo, 17 pessoas morreram, incluindo manifestantes e policiais – ativistas colocam o número de mortes acima de 30.
A suspensão das redes sociais começou na noite de quarta-feira, segundo a agência iraniana Fars. A medida foi adotada para conter “as ações contrarrevolucionárias” realizadas por meio dos aplicativos, de acordo com o governo. Instagram e WhatsApp são os aplicativos mais utilizados no Irã após o bloqueio de plataformas como YouTube, Facebook, Telegram, Twitter e Tiktok. Além disso, o acesso à internet é filtrado ou restrito.
Ontem, a Guarda Revolucionária pediu ao Judiciário para processar “aqueles que espalham notícias falsas” sobre a morte da jovem Mahsa Amini, que está na origem da onda de protestos. Ela morreu em Teerã, na semana passada, após ser detida pela polícia moral iraniana por usar o véu islâmico de maneira “inadequada”.
ESTOPIM
Segundo relato policial, Mahsa teria apresentado um problema cardíaco e morrido, três dias depois, mas o Alto Comissariado da ONU para os direitos humanos alertou sobre indícios de violência policial. Após a confirmação da morte, começaram os primeiros protestos no Curdistão iraniano, onde a jovem vivia. Rapidamente, as manifestações se espalharam para as principais cidades do Irã.
No início, muitas mulheres tiraram e queimaram o véu em protesto contra o tratamento que recebem. Mas, com o tempo, as manifestações foram ficando mais violentas. Carros foram incendiados e a multidão começou a gritar palavras de ordem contra o regime.
Em Teerã e em outras dezenas de cidades, muitos manifestantes pediram o fim da República Islâmica, com gritos de “Mulás vão embora”, “Não queremos uma república islâmica” e “Morte ao líder supremo”.
O governo mobilizou um contingente alto das forças de segurança, incluindo policiais da tropa de choque e da milícia paramilitar Basij, para reprimir os manifestantes. Mais de 400 pessoas ficaram feridas e outras centenas foram detidas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.