A displicência de cada um
A mídia sempre usa outros países como parâmetros, mas somente no segmento negativo e nunca no positivo para efeito comparativo. O Japão, por exemplo, nunca serve de referência pois está há milhões de anos-luz deste Brasil tupiniquim – agora mesmo estão propondo a redução de idade para aposentadoria para ceder espaço de trabalho aos mais novos. Dizem que lá não existem garis pois ninguém joga lixo nas ruas. Positivamente é um povo mais que civilizado, em cima do qual nossa mídia deveria se espelhar.
Muito se reclama da administração pública, em todos os sentidos, mas temos que convir que a população não colabora e, indiferente, vai destruindo, aos poucos, o pouco que ela faz. Assim é o comportamento quase generalizado da população que sabe gritar, reclamar, espernear, se preocupar com a violência e injustiça provocada em outros países mas que se porta indiferente aos mínimos detalhes para as falhas daqui.
Sei que a mente humana é extremamente complexa, principalmente a do brasileiro, por demais individualista e acomodada. E sei que nunca conseguiremos mudar tal situação no âmbito nacional mas gostaria de, pelo menos, conscientizar os habitantes desta turística cidade de Petrópolis, tão carente de civilidade.
Todos reclamam das diversas administrações públicas mas, por outro lado, também sabemos que o pouco que é feito, se torna inócuo diante do comportamento das pessoas. Um detalhe pequeno mas importante é a preservação dos adornos da cidade – seus gramados e seus canteiros, como das jardineiras ao longo da rua do Imperador que são destruídas pelo descaso de cada um, quando sentam-se nelas como se bancos fossem ou quando brincam com seus filhinhos sobre os gramados da cidade. Isto é falta de civilidade e respeito ao bem público, cuja restauração força novas despesas desnecessárias. Há alguns anos o executivo da época mandou plantar milhares de mudas de hortênsia pela cidade e, em poucos dias, sumiram todas. É a reação e o comportamento de cada um.
Podem considerar tais comentários como secundários mas indicam o grau de civilidade de um povo e para corrigir temos que começar pelos pequenos detalhes do cotidiano para educar as pessoas, cujos valores se perderam aos longo dos anos em consequência da eterna “liberdade de expressão e de comportamento”. Mas, todos precisam se conscientizar e começar a fazer sua parte. À nova administração sugiro que ponha as espinhentas “coroa-de-cristo” nas jardineiras públicas para impedir que se transformem em assentos incômodos. Preservando seus fundos talvez habituem-se a respeitá-las.
jerobertogullino@gmai8l.com