• A sustentabilidade na prática

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  • 22/04/2018 08:00

    Às vezes, o discurso “politicamente correto” paira distante da realidade, porque esta exige a coerência imposta pela lógica que expurga a demagogia. Falar de preservação ambiental “sem mover uma palha” para o equilíbrio do ecossistema soa como hipocrisia. Quem se propõe a defender a natureza deve, pelo menos, recolher seletivamente o próprio lixo.

    A cultura de um povo é conhecida também pela forma como ele trata o lixo que produz, porque nesse ato, há o reflexo da consciência social. A luta pela preservação da natureza perpassa pela criação de um movimento de resistência sem pátria, mas que começa na porta da nossa casa, mantendo-a limpa.

    A ideia de escrever esse texto nasceu após a leitura de uma matéria publicada neste jornal no dia 14/04, com o título “Áreas nobres sem lixeira”. Na primeira página, estava escrito: “não há lixeiras, em nenhum dos lados, ao longo dos 800 metros da avenida koeller, no Centro Histórico.” Se na citada avenida, uma das mais importantes de Petrópolis, não há lixeiras; imagine as ruas dos bairros?!

    Movido pela notícia, liguei para o amigo Fagner Stigert, um dos sócios da empresa FD Recuperação Ltda, que atua na coleta de materiais recicláveis. Procurei-o, porque essa empresa recolhe papelões de vários estabelecimentos comerciais para que as caixas não fiquem nas calçadas. Quando o indaguei sobre a questão ambiental, ele me falou:

    “Atualmente muito se fala sobre ser sustentável, ou mesmo, usa-se com frequência o termo sustentabilidade. Na teoria, é algo magnífico, porém a realidade do nosso cotidiano é bem diferente.

    Ser sustentável não é só destinar o lixo nos dias de coleta, não jogar papel na rua, ou comprar produtos com selo verde. Ao meu entender, isso é feito pelas pessoas que sabem das consequências trágicas que podem acarretar para as próximas gerações, por isso geralmente agem por desencargo de consciência.

    Ser sustentável não é plantar eucalipto, onde era Mata Atlântica para dar a ideia de reflorestamento, é preciso ter critério e análise nesse trabalho.

    Temos, por obrigação, educar nossas futuras gerações para que possam reciclar, reaproveitar a água, tratar o esgoto, reaproveitar materiais, enfim, diminuir o impacto causado pelo homem. Só através da conscientização, podemos deixar o planeta menos poluído. Sem o equilíbrio do meio ambiente, não se tem uma qualidade de vida satisfatória, até a economia é prejudicada.”

    Falamos sobre outros assuntos, mas o eixo da prosa ficou voltado para a participação da sociedade organizada ao lado do poder público, uma vez que essa questão não depende somente das ações governamentais, o povo também precisa agir de forma responsável, até mesmo para exigir que as lixeiras sejam colocadas em lugares públicos. E a coleta seja feita sistematicamente, até por uma questão de saúde pública.

    Aproveito essa oportunidade para parabenizar o trabalho realizado pela Academia Brasileira Ambientalista de Letras (ABAL), com sede em Petrópolis. O trabalho feito por esse sodalício, além de contribuir para a melhoria das condições de vida em nosso meio, promove debates, campanhas, estudos sobre os cuidados que devemos ter com o planeta. Por compartilhar desse propósito, aceitei o desafio de falar sobre a “Voz da Natureza em Prosa e Verso”, no dia 29 de maio, às 18:00, na Casa de Cláudio de Souza, que fica na Praça da Liberdade, 247.

    O turismo é uma das maiores fontes de renda do nosso Município. Apresentar uma cidade limpa consiste em um dos princípios do bom acolhimento.


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