Barboza com Z
Na segunda metade do extinto século XX a nossa cidade de Petrópolis vivia tempos de muita confraternização, diante da criação e manutenção de entidades para agregar profissionais, amigos, diletantes das artes e do entretenimento, grupos de estudos, enfim, buscava-se a melhor sociabilidade possível para minimizar as diatribes políticas que existiam – e sempre existiram e perduram. Os casamentos que uniam famílias eram importantes acontecimentos, assim como as festas de debutantes, as róseas comemorações dos 15 anos das belas jovens, as formaturas dos colégios, os bailes no petrô, a permanência de lojas tradicionais de todos os gêneros, onde os fregueses sentiam-se em casa, a ruidosidade dos bares e restaurantes da "avenida", os cinemas que lotavam nos fins de semana, a PRD.3 Petrópolis Rádio-Difusora e a Rádio Imperial, com programas de bom nível e muita audiência, os jornais diários dirigidos e sob redação de mestres da pena e até uma "Revista Social", de circulação mensal, coisa de puro idealismo.
No terreno da comunicação, as emissoras de rádio difusão prestigiavam excelentes profissionais bem como os jornais diários matutinos abrigavam outros fortes idealistas, versáteis escribas que mantinham as famosas e lidíssimas colunas sociais.
É por ai que entra o Paulo Barboza – Barboza com z como fazia questão de reiterar: radialista de voz forte e de entusiasmo incomum e colunista social, abrigando em suas colunas o noticioso sobre a movimentação das personalidades que faziam o dia-a-dia de nossa história. Jamais negava divulgar a boa ou a má notícia, no exemplo de nossos outros famosos, queridos e lidos colunistas da especialidade. Quantas pessoas físicas, jurídicas ou apenas um amigo simples, ele ajudou através das notícias breves de seu espaço? Sempre afável, no seu largo abraço e no sorriso contagiante, Paulo Barboza – com z – foi um marco na comunicação global daqueles saudosos idos.
Casou com a jovem Eliane e resolveu que a sua cena aberta estava acanhada demais e todos sabiam que Paulo Barboza náo ficaria por aqui já que seu talento era cobrado de muitas partes, notadamente da mídia nacional. E partiu, abraçou com a garra de sempre a nobre profissão e, sem jamais esquecer Petrópolis, venceu sob a estrutura do seu talento para a vida.
Jamais ficou esquecido e, agora, para nossa tristeza – tristeza com z – o comunicador vibrante calou para sempre sua voz e abandonou as canetas e teclados que registraram seu amor fraterno. muito além do ribombar das ondas das rádios e dos mágicos textos que ele soube – como ninguém – honrar com muito amor e verdadeira paixão profissional.
Muitos petropolitanos de hoje ainda se recordam de Paulo Barboza e alimentam, em seus corações, inestimável agradecimento pelo alavancar de talentos e divulgação de feitos meritórios que ele divulgava e apoiava em notícias curtas, fotos e incentivos. A ele sou grato por acreditar em meus delírios e minhas atividades sociais e culturais, junto a outros não menos admiráveis colunistas sociais. Com ele desaparece um momento mágico do jornalismo petropolitano, recordando que – hoje – alguns jornalistas seguem as pegadas da especialidade, registrando a vida que vai passando e se incorporando à história.
Porque a vida é caminho, passagem e vamos em frente!