92% dos casos confirmados de varíola dos macacos no Rio de Janeiro são em homens
Com o avanço da varíola dos macacos em todo o Brasil, o estado do Rio de Janeiro já registrou 881 casos da doença, enquanto outros 471 estão em investigação. Os números são do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Dentre os casos confirmados, um número chama a atenção: 92,5% são em homens.
Segundo o médico infectologista Marco Antonio Liserre, do Hospital Unimed Petrópolis, a doença tem grande taxa de transmissão através do sexo, atingindo muitos homens que praticam atos sexuais com outros homens. “Hoje, a monkeypox pode ser considerada uma doença transmitida pelo sexo, sendo que 95% dos casos aparecem em homens que fazem sexo com homens. As lesões desse tipo de monkeypox começam pela região genital, predominantemente, sendo muito frequentes as lesões perianais, perilabiais, e depois se disseminam”, afirma o infectologista.
Em relação a prevenção, Liserre afirma que não existe uma forma de prevenção sexual segura, a não ser a abstinência, pois, segundo os estudos, o preservativo não dá grande proteção. Além disso, a varíola dos macacos também transmite quando a doença evolui com crostas, diferentemente da catapora, por exemplo. A pele tem que estar totalmente livre para o indivíduo ser considerado curado.
“A maioria das vezes, o tratamento é feito somente com sintomáticos, e já existe um medicamento, que está na Fase 2, e será liberado pela Anvisa, que é o Tecovirimat. Outros dois medicamentos ainda não podem ser usados, pois ainda estão na Fase 1. Apenas uma vacina foi aprovada, porém ainda sem respostas imune efetiva. As indicações de internação são raras, sendo a sepse cutânea, a insuficiência respiratória aguda e a encefalite as causas de internação. Dentre elas, a encefalite é considerada a forma mais grave e com maior mortalidade. O prazo de recuperação fica em torno de 28 dias, pois o paciente só é liberado após a pele estar totalmente cicatrizada”, finaliza o médico, sobre o tratamento.
O Rio de Janeiro tem uma morte registrada pela doença. No fim de agosto, em Campos dos Goytacazes, um homem de 33 anos teve o óbito registrado. Ele tinha baixa imunidade e comorbidades que agravaram o quadro.
Em Petrópolis, até agora, apenas um caso foi confirmado e há outros quatro em investigação. Dos 14 casos notificados, 9 são do sexo masculino e 5 do feminino.