• Centro de Equoterapia de Petrópolis: onde “nascem” relações únicas, estabelecidas a partir da confiança e do afeto, entre pessoas e cavalos

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  • Por Aghata Paredes

    Imagine testemunhar relações únicas, estabelecidas a partir da confiança e do afeto, entre pessoas e cavalos. O Centro de Equoterapia de Petrópolis, em Itaipava, é um lugar de encontros e inúmeras histórias especiais. Lá, Van Gogh e Afrodite, um Appaloosa e uma égua Bretã, desempenham uma tarefa honrosa: a de tornar menos árida e mais bonita a jornada de pessoas com deficiência. 

    Foto: Divulgação

    Quem coordena a rotina do espaço é Fernando Domingues Sodré, psicólogo, que veio para Petrópolis na década de 90, a princípio, com o intuito de trabalhar com cavalos de salto. Pergunto a ele sobre a história do CEP. “A minha história com cavalos vem desde a infância e, além disso, o hipismo sempre foi uma paixão. Em 1992, quando eu estudava Psicologia na UCP, dava aulas de equitação. Naquela época, comecei a perceber como o cavalo ajudava no desenvolvimento dos alunos para além da proposta do hipismo. Daí o interesse pela Hipoterapia, nome dado na época às terapias que envolviam o animal. Ao final do curso de Psicologia apresentei o trabalho realizado com um paciente autista. Em 2001, já atendendo no modelo da psicoterapia facilitada pelo cavalo, fiz o curso básico da ANDE para compor equipe interdisciplinar e aí nasceu o Centro de Equoterapia de Petrópolis.”, conta.

    Foto: Divulgação

    Por dentro da Equoterapia

    A palavra equoterapia foi criada pela Associação Nacional de Equoterapia ANDE-BRASIL para caracterizar todas as práticas que utilizam o cavalo na reabilitação e educação de pessoas com deficiência. Tal como explica a associação, a equoterapia emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico, a fim de promover o desenvolvimento da força muscular, a conscientização do próprio corpo e o aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, mas não para por aí. Essa interação, desde o primeiro contato, é capaz de promover novas formas de socialização, além de estimular a autoconfiança e a autoestima. 

    Como “nascem” essas relações

    Segundo Fernando, o contato com a natureza já é benéfico, mas a entrada do cavalo em cena muda tudo. “Torna tudo mágico. A relação com as crianças é incrementada pela ideia de um cavalo que sente e se torna um amigo, ou seja, eles estão juntos numa aventura. A partir daí, nossa equipe trabalha para estimular os aspectos afetivos, motores e cognitivos dos pacientes durante as sessões, através de atividades que desafiam de modo lúdico e prazeroso as dificuldades que se apresentam no dia a dia. No fim, tudo parece uma grande brincadeira em que o cavalo é o personagem principal.”, conta.

    Atualmente o Centro de Equoterapia de Petrópolis atende a pacientes da região em um modelo em que cada pessoa tem o seu programa individual de tratamento. Além disso, o espaço mantém o Projeto Centauro, que atende gratuitamente a um terço de seus pacientes. “Nosso objetivo é levar a equoterapia para todos.”, explica o psicólogo. 

    A rotina é, segundo Fernando, a de uma vila hípica. “Fora os horários de atendimento, a atenção aos cavalos domina toda a cena. As crianças e os adolescentes também participam de atividades, que incluem os cuidados com os cavalos e o ambiente. Eles escovam os animais e até ajudam na limpeza das cocheiras.” 

    Foto: Divulgação

    O psicólogo conta com as mãos amorosas de Fernando, Natália Portugal (fisioterapeuta) e Laura Couto Fernandes (psicóloga), mas as grandes estrelas do CEP são mesmo Van Gogh e Afrodite. “Van Gogh é um appaloosa maduro, com muita experiência. Afrodite é uma égua bretã de muita personalidade. Ainda temos a Flor, nossa potra e futura terapeuta.”, explica. 

    Foto: Divulgação

    Questionado sobre o que enxerga de mais bonito em seu trabalho, Fernando conta que é ver a relação especial e individual que o cavalo estabelece com cada paciente e vice-versa. “É poder testemunhar uma relação verdadeira, pautada na confiança recíproca entre o cavalo e a pessoa. Cada história é única, especial e subjetiva, nós somos apenas observadores.”

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