• Petistas se distanciam e aconselham Janones a evitar provocações a bolsonaristas

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  • 29/08/2022 20:51
    Por Luiz Vassallo, Beatriz Bulla e Pedro Venceslau / Estadão

    As recentes brigas nas redes sociais e a discussão com bolsonaristas na plateia do debate na TV Bandeirantes, neste domingo 28, fizeram com que integrantes da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotassem uma distância protocolar entre a candidatura do petista e o deputado federal André Janones (Avante).

    Ainda que elogiem declaradamente a atuação do parlamentar como um escudo para Lula nas redes sociais, território fértil de ataques de bolsonaristas, nos bastidores, integrantes do partido e de legendas aliadas adotam o discurso de que o parlamentar age sem procuração da campanha. E, nos bastidores, há no PT quem aconselhe o deputado a nunca começar uma briga – apenas reagir, em caso de necessidade.

    Em entrevista ao UOL nesta segunda-feira, 29, o ex-presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que Janones “cumpre seu papel” como um “freelancer”. “Ele faz isso independente de ter orientação da nossa campanha, e portanto não é o caso de ficar nem censurando nem querendo mexer na orientação dele”.

    “Ele tem essa técnica, esse público muito grande, eu acho que ele ajuda, e ajuda bastante, e que ele continue com essa atuação solo que faz bem. Ele não precisa ficar nos consultando, nem nós interferindo também no tipo de campanha que ele faz”, disse o petista, que integra a coordenação da comunicação na campanha de Lula.

    Procurado, o prefeito de Araraquara Edinho Silva (PT), não se manifestou sobre o deputado. “Estou na coordenação”, disse, ao ser questionado a respeito de Janones. No entanto, petistas afirmam que conversaram reservadamente com o deputado para evitar ser o autor das provocações.

    A briga de Janones com bolsonaristas desagradou a integrantes da campanha, como Márcio França (PSB), candidato ao Senado, o próprio Rui Falcão, apesar de seus elogios públicos, além de integrantes do PCdoB que estavam na plateia. Como mostrou a Coluna do Estadão, o bate-boca pode servir de exemplo para que se acirre o clima de tensão também entre eleitores, o que pode aumentar o risco de violência contra Lula e seus aliados nas ruas.

    Tudo começou quando bolsonaristas, entre eles ex-ministro da Agricultura e do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL), passaram a proferir gritos de ordem contra Lula. Coordenador do Grupo Prerrogativas, o advogado petista Marco Aurélio Carvalho chegou a pedir para que os bolsonaristas baixassem o tom, o que apenas aumentou os gritos da claque. Foi na volta de Carvalho ao seu lugar que Janones se levantou com a câmera e iniciou suas provocações.

    Para conter o deputado, petistas chegaram a colocá-lo no centro de uma das fileiras reservadas a apoiadores de Lula. Durante o evento, Carvalho chegou a dizer a Janones que “esse é o tipo de foto que eles (bolsonaristas) querem reproduzir”. A Janones, também foi dito que ele “não está sozinho”, em um misto de tentativa de acalmar o parlamentar, e de alertá-lo de que afetaria a campanha.

    Ao fim do evento, o próprio deputado disse ter sido o autor da provocação. “Confesso para vocês que tive minha parcela de culpa, uma vez que cheguei nele cara a cara e disse ao pé do ouvido que eu iria plantar uma árvore na porta da casa dele. Foi isso que gerou toda a confusão”, disse.

    Procurado, Janones não se manifestoou.

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